Favorita ao STJ fez campanha inovando na etiqueta de Brasília
Ascensão de Daniela Teixeira, fora das “regras do jogo”, provocou surpresa no mundo masculino do Judiciário
atualizado
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A advogada Daniela Teixeira, favorita para ser indicada por Lula à vaga de advogada no Superior Tribunal de Justiça (STJ), fez uma campanha que difere do modo usual — masculino — de fazer política em Brasília.
Para cargos de ministros de Cortes superiores, a expectativa é de que os candidatos procurem seus potenciais padrinhos nos gabinetes e se coloquem à disposição, mas sem cruzar a linha de dizer abertamente que estão em campanha.
A negociação sempre acontece de forma velada, ou deve parecer que é velada. O objetivo é que o apadrinhado, que ganha o cargo, se sinta endividado com quem interveio em nome dele, sem ter a impressão de que ascendeu por mérito próprio.
Teixeira, por sua vez, foi recebida por diversos interlocutores do Poder Judiciário e Executivo se colocando abertamente como candidata e em busca de apoio. Produziu material de campanha e pediu votos.
A advogada do Distrito Federal foi alvo de disputa ferrenha nos bastidores, tachada de agressiva por adversários, que decretavam que ela perderia apoio no STJ pelo fato de não aderir ao beija-mão nos termos tradicionais.
Até o momento, a campanha bem-sucedida de Daniela mostra que, para as mulheres, o caminho para conseguir apoio não é o mesmo — inclusive porque, seguindo as regras de Brasília, as mulheres costumam ficar de fora.
As mulheres hoje ocupam apenas 19% das vagas nas Cortes superiores, e Daniela foi a única mulher entre os sete indicados ao STJ.