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Falido nos EUA, laboratório da crise de opioides faz fortuna no mundo

Táticas usadas para convencer médicos americanos de que opioides poderiam ser prescritos com segurança foram replicadas ao redor do mundo

Arte/Metrópoles
laboratório da crise de opioides
1 de 1 laboratório da crise de opioides - Foto: Arte/Metrópoles

atualizado

A Purdue Pharma, farmacêutica acusada de ser uma das protagonistas da crise de opioides nos Estados Unidos, declarou falência à Suprema Corte americana em 2019, mas, ao redor do mundo, suas empresas continuam vendendo os mesmos opioides que causaram a morte de mais de 500 mil pessoas desde 1999. A investigação jornalística Mundo da dor, uma colaboração do Metrópoles e mais 10 veículos, mostrou nessa terça-feira, 17 de setembro, a atuação da Mundipharma, distribuidora dos opioides da Purdue Pharma, no Brasil. Hoje, 18 de setembro, a reportagem revela mais detalhes de como a farmacêutica vem lucrando milhões em diversos países. 

Entre os beneficiários da fortuna estão alguns membros da família Sackler, que são proprietários da Purdue Pharma e da Mundipharma. A família enfrenta uma onda de litígios devido ao papel da Purdue na crise causada pelo marketing massivo da farmacêutica em cima de um remédio com alto poder de adicção: o OxyContin, à base do cloridrato de oxicodona, substância 150% mais forte que a morfina.

Algumas das mesmas táticas usadas para convencer uma geração de médicos americanos de que analgésicos potentes poderiam ser prescritos com segurança foram replicadas no exterior.

WASHINGTON DC, ESTADOS UNIDOS – 03/12/2021: Ativista Frank Huntley tem tentado conscientizar sobre o vício em opiáceos com sua escultura “Pill Man [homem pílula]”.
No Brasil, a coluna mostrou que a empresa pagou médicos considerados “formadores de opinião” para realizarem aulas sobre tratamento de dor com opioides, além de ter investido dinheiro em uma sociedade médica para a promoção da prescrição de seus medicamentos. A Mundipharma afirmou, no dia 21 de agosto de 2024, que seus produtos “não devem desempenhar um papel importante em qualquer abuso de medicamentos opioides prescritos” no país, uma afirmação contestada por especialistas em dependência.

A Mundipharma alegou à reportagem que os opioides “fortes” agora representam uma parcela menor das vendas totais das empresas ao redor do mundo, que se diversificaram para outros tratamentos. A farmacêutica ressaltou que se esforça para cumprir as leis e regulamentações locais e que “trabalha com autoridades locais para monitorar possíveis desvios ou abusos de medicamentos”.

Mas especialistas que monitoram o uso de opioides no mundo já acenderam o alerta. Segundo Andrew Kolodny, diretor médico do Opioid Policy Research Collaborative na Universidade Brandeis, nos Estados Unidos, as prescrições de opioides e as mortes por overdose na Europa e em outras partes do mundo ainda não chegaram aos níveis americanos, mas aumentaram na última década “porque as empresas farmacêuticas estão usando a mesma cartilha que nos EUA”.

Essa investigação teve colaboração dos jornais The Examination, Finance Uncovered, Paper Trail Media, ZDF, Der Spiegel, Der Standard, Tamedia, IrpiMedia, Initium e The Washington Post.

A declaração de falência e os milhões da Mundipharma ao redor do mundo

De 2020 a 2022, nove empresas da Mundipharma na Europa e na Austrália lucraram US$ 531 milhões com a venda e distribuição de produtos farmacêuticos e outros. Os lucros totais provavelmente são maiores, uma vez que o valor não inclui empresas da Mundipharma em países que não exigem por lei divulgação de dados financeiros. A cifra é um dado relevante, pois indica uma possível ordem de grandeza de por quanto a Mundipharma pode ser vendida. Os Sacklers se aproximam do prazo — 27 de setembro de 2024 — estipulado pela Suprema Corte americana para a mediação judicial antes de determinar quanto a família deverá pagar para liquidar ações judiciais relacionadas à crise dos opioides.

Os Sacklers já se comprometeram a vender suas empresas internacionais para pagar indenizações a cidades, estados, vítimas e outros afetados pela epidemia nos EUA. A Purdue, que tem sua sede na cidade de Stamford, em Connecticut, ainda vende opioides como oxicodona, embora esteja há anos envolvida em investigações, litígios e uma gigantesca reorganização devido à declaração de falência.

raymond richard arthur sackler
Os irmãos e médicos Raymond, Richard e Arthur Sackler, respectivamente

Os Sacklers disseram ao consócio Mundo da dor que integrantes da família não têm nenhum papel operacional na Mundipharma. Afirmaram estar focados em alcançar uma solução legal que “forneça recursos substanciais para pessoas e comunidades que lutam contra uma complexa crise de saúde na América, e não em narrativas repetidas que perpetuam alegações falsas e enganosas sobre sua integridade”.

A Purdue Pharma foi acusada em 2007 de enganar a população americana sobre os riscos de dependência do OxyContin, e em 2020, por fraude ao Estado americano e às normas da agência sanitária do país, a Food and Drug Administration (FDA).

Em junho deste ano, a Suprema Corte dos EUA negou um plano de falência apresentado pela empresa, que previa que os Sacklers pagassem até US$ 6 bilhões ao longo de 18 anos para liquidar ações judiciais, além de vender a empresa. Críticos dizem que o acordo proposto inicialmente foi brando com a família. 

O Departamento de Justiça dos EUA e credores da Purdue alegaram que os Sacklers retiraram quase US$ 11 bilhões da empresa nos anos anteriores à declaração de falência, como parte de um “programa de extração” destinado a proteger a riqueza da família. Os Sacklers negam a acusação. 

Uma onda global de overdoses

A dor afeta milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que afirma que a morfina e outros opioides são essenciais para tratar dores associadas a cirurgias, câncer e emergências. Os medicamentos à base de opioides, também segundo a OMS, ainda são difíceis de obter em muitos países de baixa renda. Mesmo nesse cenário, práticas da indústria farmacêutica estão causando o aumento de dependentes e overdoses nesses países.

Os dados globais sobre o uso e dependência em opioides prescritos são imprecisos. Uma pesquisa publicada no jornal acadêmico Lancet Public Health apontou que, entre 2015 e 2019, o consumo de opioides prescritos em 66 países aumentou em média quase 4% ao ano, com declínios notáveis nos EUA e em alguns países europeus.

Na União Europeia, mortes por overdose de todas as drogas aumentaram quase 20% entre 2010 e 2022 e continuam crescendo, segundo a Agência Europeia de Drogas, que coleta dados sobre uso de drogas e dependência. O número exclui a Alemanha — o país mais populoso do bloco — devido à mudança de sua metodologia de contagem de mortes. Opioides, prescritos ou ilícitos, foram encontrados em quase três quartos de todas as mortes por overdose na Europa.

No continente, a heroína continua sendo um problema persistente. O continente não foi devastado pelo opioide sintético fentanil, como nos EUA, onde o gênero se tornou a principal causa de overdose.

Na Noruega, opioides prescritos superaram a heroína como a causa mais frequente de mortes por overdose em 2016, de acordo com estatísticas do governo. Em um país com pouco menos de seis milhões de habitantes, cerca de 60 mil pessoas que receberam prescrições de opioides em 2019 atenderam aos critérios para uso “persistente”, segundo um estudo analisado pela reportagem.

SAN FRANCISCO, UNITED STATES – MAY 16: Pessoas em situação de rua são vistas enquanto agentes públicos da cidade lidam com problemas causados pelo fentanil em San Francisco

Há dois anos, a agência nacional de saúde da Noruega iniciou uma revisão da publicidade da Mundipharma direcionada a médicos. A análise constatou que, entre 2001 e 2009, a farmacêutica minimizou os riscos de dependência em suas campanhas. A publicidade pode ter contribuído para o aumento nas prescrições de oxicodona, disse Sigurd Hortemo, consultor médico sênior da agência e autor do relatório norueguês.

A Mundipharma afirmou que não promove opioides na Noruega desde 2013. E os esforços para expandir o mercado europeu “foram mínimos… não houve promoção por muitos anos”, disse a empresa ao consórcio Mundo da dor.

Na Suécia, as mortes ligadas à oxicodona — produzida por vários laboratórios — aumentaram dez vezes entre 2006 e 2022, de acordo com um estudo do ex-diretor-geral do Instituto Nacional de Saúde Pública da Suécia Gunnar Ågren. A maioria das pessoas que morreram por overdose de opioides prescritos no país havia recebido os medicamentos para tratamento da dor, apontou Ågren. A oxicodona agora é o opioide mais comum em intoxicações fatais, afirmou a pesquisa.

O combate ao vício

Embora a Purdue Pharma e suas afiliadas domésticas ainda vendam opioides nos Estados Unidos, a empresa parou de promovê-los para médicos em 2018. Em outras regiões, no entanto, a história tem sido diferente.

A primeira reportagem da série Mundo da dor, publicada ontem pela coluna, mostrou que a Mundipharma financiou uma série de atividades da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor, e contratou seu presidente para dar uma aula fechada a outros médicos sobre casos oncológicos.

Nos Estados Unidos, a Purdue lançou em 2010 uma formulação de OxyContin que desencoraja o abuso e a promoveu como uma alternativa mais segura. O uso abusivo, por exemplo via inalação, seria mais difícil devido a uma resina que dificulta o medicamento de ser esfarelado. No entanto, em 2020, especialistas da agência sanitária americana, a FDA, concluíram que não havia evidências robustas de que a nova formulação tivesse causado “uma redução significativa no abuso do OxyContin”.

No Brasil, conforme a coluna mostrou ontem, o Targin passou a ser apresentado pela Mundipharma como uma alternativa mais segura, por combinar a oxicodona com a naloxona, que funciona como um antídoto para algumas reações adversas do opioide  Em 21 de agosto de 2024, a Mundipharma disse, em resposta ao consórcio Mundo da dor, que a associação com a naloxona torna o uso do Targin seguro — o que é rebatido por especialistas. 

“Fica claro para mim que a Mundipharma está usando os mesmos truques para promover o Targin que a Purdue usou para promover o OxyContin na América do Norte nos anos 1990 e 2000”, disse David Juurlink, chefe da divisão de farmacologia clínica e toxicologia do Sunnybrook Health Sciences Centre, em Toronto. “Os médicos aqui caíram na mensagem. Espero que os médicos brasileiros aprendam com nossos erros.”

Os dados sobre mortes relacionadas a opioides no Brasil são obscuros. Entre 2012 e 2020, as mortes por overdose de todas as drogas aumentaram, em média, quatro pontos percentuais por ano, de acordo com um estudo publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria. No entanto, a maioria dos registros de óbitos não especificou o tipo de droga envolvida.

Investigações na China e Austrália

A milhares de quilômetros de distância, na China, a Mundipharma realizou uma investigação interna após uma reportagem da Associated Press de 2019 revelar que representantes da empresa diziam a médicos que o OxyContin de liberação prolongada era menos viciante do que outros opioides. A reportagem também apontou que, em alguns casos, os representantes de vendas vestiam jalecos brancos para se passarem por profissionais médicos.

Pessoas com conhecimento direto das operações da empresa na China disseram que a investigação interna levantou preocupações sobre o uso de conselhos consultivos científicos pela Mundipharma, normalmente criados para que empresas recebam informações de profissionais científicos e médicos. No entanto, essas reuniões teriam sido usadas para promover produtos e pagar médicos.

Documentos vistos por jornalistas do consórcio Mundo da dor mostram que mais de mil profissionais de saúde foram pagos como consultores pela Mundipharma em 2019. A empresa declarou que contratou um escritório de advocacia independente para investigar as alegações após a reportagem da Associated Press e que implementou melhorias em seu programa de conformidade na China. No entanto, não detalhou os resultados da investigação.

Pessoas esperando do lado de fora da clínica de metadona em Yau Ma Tei na China

Em 2019, reguladores na Austrália multaram a Mundipharma em cerca de US$ 200 mil por publicidade relacionada ao Targin. A agência de saúde do país classificou os anúncios como “enganosos, desequilibrados e imprecisos”. A Mundipharma afirmou que a agência interpretou incorretamente uma frase sobre o uso de opioides no manejo da dor em seus materiais promocionais.

As overdoses não intencionais de opioides na Austrália mais do que dobraram entre 2002 e 2022, segundo um relatório do Penington Institute, organização de pesquisa e política em saúde pública. À medida que o governo australiano restringiu na última década o acesso aos opioides prescritos, as mortes por overdose ligadas à oxicodona, morfina e codeína diminuíram substancialmente, enquanto as mortes por heroína aumentaram.

Julianne Hebbe, 45 anos, paciente da Austrália, relatou que ela e seu namorado na época, já lutando contra o vício em álcool, tornaram-se dependentes de oxicodona por volta de 2009, após o medicamento ser prescrito para ele após uma cirurgia. Dois anos depois, quando não conseguiram mais obter a droga, eles passaram a usar heroína. “Isso destruiu totalmente nossas vidas”, contou.

Hebbe entrou em reabilitação logo depois. Hoje, mãe de quatro filhos, está livre da heroína, vê regularmente um especialista em dependência e precisa tomar buprenorfina, um opioide que ajuda a controlar os sintomas de abstinência e os desejos. Ela vem reduzindo a dose ao longo da última década, mas ainda quer interromper o uso do medicamento, pois tem causado problemas de sono. “Eu só quero estar completamente livre disso”, disse.

Expansão na Europa

Entre 2019 e 2021, as empresas da Mundipharma contribuíram com mais de US$ 15 milhões para organizações de saúde, profissionais e grupos de pacientes na Europa para financiar eventos, patrocínios e consultorias, segundo dados de divulgação voluntária reunidos pelo projeto de transparência Euros for Docs. O valor inclui cinco países europeus, sendo o Reino Unido e a França os principais beneficiários; o montante exclui a Alemanha e outros países onde a Mundipharma não divulgou pagamentos.

Na Itália, promotores acusaram dois gerentes da Mundipharma em 2019 de pagar ilegalmente a um anestesista de um hospital universitário público para promover opioides. Os funcionários aceitaram acordos judiciais e a empresa aceitou pagar uma multa de cerca de US$ 44 mil, sem admitir responsabilidade. O anestesista foi absolvido no ano passado após surgirem preocupações sobre o uso de escutas telefônicas pela polícia, segundo reportagens locais.

PHILADELPHIA, PENSILVANIA – MAY 08: Agulhas usadas jogadas no chão durante a desocupação de um acampamento de pessoas em situação de rua

A empresa descreveu os acordos judiciais, que não resultaram em confissões de culpa, como uma “decisão comercial” para evitar anos de litígio. “Se a Mundipharma e seus gerentes tivessem escolhido lutar, é provável que também tivessem sido absolvidos de todas as acusações”, disse a empresa em comunicado.

E-mails internos obtidos pela equipe de reportagem mostram que alguns integrantes da família Sackler mantinham contato próximo com executivos das empresas Mundipharma em diversos países, incluindo a Alemanha. Em um e-mail de novembro de 2013, Mortimer D.A. Sackler, que à época era diretor de quatro empresas da Mundipharma na Europa, questionou um executivo sobre as projeções de vendas de medicamentos para dor. “Estou surpreso que o plano de vendas para o próximo ano não seja mais ambicioso. Por que esse conservadorismo?”, escreveu Mortimer. “O plano de cinco anos para a Alemanha é totalmente inaceitável. O que está sendo feito para melhorá-lo e colocá-lo de volta no caminho do crescimento?”

Nem a Mundipharma nem um porta-voz da família Sackler quiseram comentar o e-mail. Em 2018, as vendas da Mundipharma na Alemanha ultrapassaram US$ 300 milhões anuais, segundo divulgações financeiras. As vendas gerais da empresa no país diminuíram com a redução de operações, mas os lucros aumentaram desde 2020.

Assim como a Purdue e outras empresas de opioides nos Estados Unidos, a Mundipharma na Alemanha financiou organizações médicas e de pacientes que defendiam o uso de opioides.

A Sociedade Alemã de Medicina da Dor recebe financiamento da Mundipharma e treina profissionais de saúde no manejo de pacientes com dor, de acordo com o site da sociedade. Foi cofundada no início dos anos 1980 por Harry Kletzko, ex-consultor de saúde que trabalhou como executivo da Mundipharma entre 1988 e 2001. Desde então, Kletzko atuou como gestor e membro do conselho da sociedade. Ele se recusou a responder às perguntas da equipe de reportagem.

“Mundipharma foi uma produtora importante de produtos inovadores para terapia com opioides na Alemanha”, afirmou Johannes Horlemann, atual presidente da sociedade, creditando às pílulas de liberação prolongada da empresa o fato de o país não ter enfrentado uma crise de opioides.

Centro de pesquisa da Mundipharma no Cambridge Science park, fundado pela Trinity College em 1970

Kletzko também foi vice-presidente de outra organização financiada pela Mundipharma, a Liga Alemã da Dor, um grupo de apoio e defesa de pacientes.

A Mundipharma afirmou que pagou cerca de US$ 8.500 por ano em taxas de associação combinadas para as duas organizações entre 2021 e 2024 e que não promove produtos através desses grupos.

O site da Liga da Dor afirma que os opioides são “geralmente bem tolerados, mesmo em terapias de longo prazo” e promove o uso de medicamentos de liberação prolongada.

Partes do site são “indiscutivelmente voltadas para convencer pacientes e médicos de que os opioides devem ser prescritos para todos os tipos de dor”, o que “claramente contradiz as evidências científicas atuais e diretrizes”, disse Christoph Stein, professor emérito de anestesiologia no Hospital Universitário Charité, em Berlim.

Andrew Kolodny, da Universidade Brandeis, afirmou que as pílulas de liberação prolongada são mais arriscadas porque precisam ser tomadas em doses mais altas e continuamente, e não apenas durante episódios de dor. Ele observou que a seção sobre opioides no site da Liga da Dor não menciona vício ou overdose, listando apenas náusea, vômito e constipação como efeitos colaterais.

“Eles deveriam retirar isso do site imediatamente”, disse Kolodny.

Michael Überall, presidente da Liga da Dor e especialista em dor, que reconheceu em um artigo de pesquisa seus vínculos financeiros com a Mundipharma e outras empresas farmacêuticas, disse em comunicado que uma diretriz alemã recomenda opioides de liberação prolongada em detrimento dos de curta duração. Ele afirmou que, na prática, os opioides ajudam mais os pacientes do que os ensaios clínicos sugerem e que o vício é raro.

Vera Brunner, 58, da Alemanha, não sabia sobre o risco de dependência da oxicodona quando seu médico a prescreveu para tratar dores no quadril e nas costas há cinco anos. “Depois, fiz uma pesquisa na internet e descobri tudo sobre os Estados Unidos”, disse ela.

PURDUE PHARMA, STAMFORD, CT, ESTADOS UNIDOS – 2019: Integrantes do P.A.I.N. (Prescription Addiction Intervention Now) and Truth Pharm fizeram um protesto na calçada da sede da Purdue Pharma 

Toda vez que Brunner tentava interromper o uso dos comprimidos — que, segundo ela, incluíam marcas da Mundipharma — ela enfrentava náuseas causadas pela abstinência. Ela tomou oxicodona por mais de quatro anos, enquanto lutava contra depressão e pensamentos suicidas. “Eu não conseguia mais existir sem a oxicodona”, afirmou.

Ela foi a uma clínica de reabilitação no final do ano passado, onde sua dose de oxicodona foi reduzida — embora a dor tenha voltado, ressaltando os desafios enfrentados por pacientes de dor ao tentar interromper o uso de longo prazo.

“Estamos entrando na mesma situação que os Estados Unidos há 15 anos”, disse Andrea Burden, professora assistente de farmacoeconomia na Universidade ETH Zurich. “Não podemos presumir que somos mais inteligentes que os americanos aqui na Europa. Se não prestarmos atenção aos sinais e agirmos, provaremos que somos mais tolos. Muito mais tolos.”

Colaboraram na reportagem: Madlen Davis, Hristio Boytchev e Fernanda Aguirre, do The Examination; David Ovalle, do The Washington Post; Simon Bowers e Malia Politzer, do Finance Uncovered; Maria Christoph e Dajana Kollig, do Paper Trail Media; Max Hübner, do ZDF; e Edoardo Anziano e Francesco Paolo Savatteri, do IrpiMedia.

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