Fabricante de ivermectina começou a vender para Ministério da Saúde no governo Bolsonaro
Contratos foram assinados por ex-diretor acusado de pedir propina por vacinas; diretor da empresa depõe à CPI
atualizado
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A Vitamedic, empresa cujo diretor depõe à CPI da Covid nesta quarta-feira (11/8), começou a receber recursos públicos do governo federal na gestão Bolsonaro. Os contratos foram assinados por Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde acusado de pedir propina por vacinas.
A firma sediada em Anápolis (GO) há 35 anos obteve R$ 564 mil do governo federal, por meio de dois contratos com o Ministério da Saúde assinados em 2019, antes da pandemia, e com vigência até agosto de 2020, já durante o surto de Covid. A pasta comprou os medicamentos ibuprofeno e ivermectina, este último parte do tratamento precoce e ineficaz contra a doença.
É justamente por causa da ivermectina que a empresa entrou na mira da CPI. A Vitamedic financiou uma propaganda feita pela Associação Médicos pela Vida, no início deste ano, incentivando o uso de medicamentos ineficazes contra a Covid. A informação consta de quebra de sigilo fiscal da companhia e foi confirmada em depoimento nesta quarta-feira (11/8) por Jailton Batista, diretor-executivo da companhia.
Batista também declarou aos senadores que o faturamento da Vitamedic, produtora da ivermectina, disparou durante a pandemia: em 2020 foi de R$ 540 milhões, um crescimento anual de 170%. Em 2021, já bateu os R$ 300 milhões, mais do que todo o faturamento de 2019, pré-pandemia. O crescimento foi diretamente influenciado pela venda de ivermectina: em 2020 a venda de caixas do medicamento ineficaz contra a Covid subiu 1.230%, chegando a 75,8 milhões.