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Paris 2024

Extrema-direita mente sobre boxeadora para justificar transfobia

Extremistas dizem que boxeadora argelina é transexual e isso fez oponente desistir de luta; atleta é cisgênero e ser gay na Argélia é crime

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1 de 1 Imagem colorida de argelina no ringue - Metrópoles - Foto: Richard Pelham/Getty Images

A extrema-direita, não só no Brasil, está usando uma informação falsa para justificar um discurso transfóbico. Desta vez, alega-se que a argelina Imane Khelif, atleta do boxe nas Olimpíadas de Paris, é uma mulher transexual que estaria se beneficiando desta condição para vencer as adversárias. Khelif, no entanto, é uma mulher cisgênero — ou seja, se identifica com o gênero do seu nascimento — com alto nível de testosterona no organismo.

A pugilista ganhou evidência nesta quinta-feira (01/8), após a sua adversária, a italiana Angela Carini, ter desistido da luta com apenas 46 segundos de confronto. A argelina havia sido reprovada no teste de gênero, mas foi autorizada a competir pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).

A italiana informou que deixou a luta por estar com dores no nariz. “Entrei no ringue e tentei lutar. Eu queria vencer. Recebi dois golpes no nariz e não conseguia respirar mais, estava doendo muito”, alegou a boxeadora.

Além de espalhar uma informação falsa, os ataques a Khelif mostram desconhecimento. Caso fosse uma pessoa trans, ela sequer teria autorização do seu país para ser atleta, quiçá estar em uma Olimpíada. Na Argélia, ser homossexual ou transexual é crime com punição de dois anos de prisão.

Imane Khelif não foi a única boxeadora com alto nível de testosterona autorizada a competir nos jogos olímpicos, depois de ter problemas em competições internacionais. A taiwanesa Lin Yu-Ting também passou pela mesma situação.

“Elas perderam e venceram contra outras mulheres através do tempo e precisamos deixar muito claro, isto não é uma questão transgênero. Sei que sabem disso, mas houve alguns erros de reportagem, é muito importante dizer que não é uma questão de transgêneros ” disse o porta-voz do COI, Mark Adams.

Ambas as atletas foram desclassificadas de um torneio na Índia, no ano passado, pelo presidente da Associação Internacional de Boxe, o russo Umar Kremlev, porque, segundo o dirigente, tinham “cromossomos XY”. Além disso, a associação alegou que foram identificadas “várias atletas que tentaram enganar as colegas e se fingir de mulheres”.

A instituição, no entanto, está banida do movimento olímpico desde junho. A associação já não organizou as competições do boxe em Tóquio, quando estava suspensa, e é acusada de falta de integridade, transparência e governança, sobretudo de manipulação de resultados.

 

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