Ex-empregado afirma que ex-mulher de Bolsonaro forjou roubo de Land Rover para receber seguro
Ana Cristina articulou, com miliciano do Rio, golpe contra seguradora, acusa ex-funcionário da família Bolsonaro
atualizado
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O ex-empregado da família Bolsonaro Marcelo Luiz Nogueira dos Santos afirmou, em entrevista à coluna, que Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro, forjou o roubo de um carro, em fevereiro de 2008, para receber o valor de R$ 135.135 referente ao seguro do veículo.
De acordo com Marcelo Luiz, o episódio ocorreu quando Ana Cristina já estava separada de Bolsonaro. O automóvel seria da marca Land Rover, cujo modelo mais barato hoje não sai por menos de R$ 200 mil.
Marcelo Luiz afirmou que o golpe foi aplicado por ela e por um miliciano de Rio das Pedras, favela da Zona Oeste do Rio de Janeiro, controlada por milicianos.
O suposto miliciano, também chamado Marcelo, teria sido um namorado de Ana Cristina, com quem ela se envolveu após se separar de Bolsonaro.
O carro teria sido escondido na oficina do suposto miliciano, no bairro da Penha, na Zona Norte da capital fluminense. Nos fundos da oficina, funcionava, segundo o ex-empregado do clã, um desmanche de carros.
Ana Cristina e o miliciano, de acordo com Marcelo Luiz, teriam fechado um acordo para ele esconder o carro enquanto ela reportaria o roubo e pediria o valor do seguro à seguradora Porto Seguro.
Marcelo Luiz diz que Jair Bolsonaro soube da tentativa de golpe e teria avisado a Porto Seguro sobre o plano, travando o pagamento e fazendo com que Ana Cristina ficasse sem o dinheiro e sem o carro.
“Bolsonaro desconfiou e a denunciou para a Porto Seguro. Tanto que o seguro foi embargado, e não saiu até hoje. Tem esse processo. Ela arrumou essa treta e ficou no prejuízo, porque o cara ficou com o carro, já era um acordo, e ela tomou prejuízo. Tomou esse golpe”, disse Marcelo Luiz. A sentença do processo movido por Ana Cristina, entretanto, aponta que a Porto Seguro foi condenada a arcar com o pagamento integral do seguro.
Mais de uma década depois, em 2018, Ana Cristina declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter apenas um automóvel: um Honda Fit de 2013, com valor de R$ 60 mil.
Procurada, a seguradora Porto Seguro afirmou que não se pronuncia sobre eventuais clientes.
Ação judicial
A coluna teve acesso ao processo que Ana Cristina moveu contra a Porto Seguro na 1ª Vara Cível da Barra da Tijuca. Ela entrou com a ação alegando que o automóvel tinha sido roubado e que deveria ser ressarcida até o dia 2 de abril – dia seguinte ao suposto roubo – em R$ 135.135. Segundo a ação, a Porto Seguro alegou que o pagamento foi suspenso por determinação da autoridade policial, o que levou Ana Cristina a mover uma nova queixa, exigindo o pagamento de danos morais.
Ana Cristina foi denunciada pelos crimes de fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro e pelo de comunicação falsa de crime, mas acabou absolvida em fevereiro de 2011 por falta de provas.
Já a seguradora foi condenada a pagar os R$ 135.135 para Ana Cristina e a arcar com os honorários do processo. A ação por danos morais foi rejeitada pela juíza Erica Batista De Castro.
Em maio de 2011, o desembargador André Andrade, da Sétima Câmara Cível, rejeitou a apelação de Ana Cristina, que pedia a condenação da seguradora por danos morais, e acolheu um pedido da Porto Seguro para que corrigisse os juros que seriam aplicados ao montante devido à ex-mulher de Bolsonaro. O desembargador também julgou que os honorários teriam de ser divididos entre as partes.
Leia o que Marcelo Luiz disse sobre a Land Rover:
Como foi o divórcio de Ana Cristina e Jair Bolsonaro?
Nessa partilha de bens, na época, ela arrumou um monte de tretas, sumiu. Lembra da história do Banco do Brasil? Ela tinha dois cofres no Banco do Brasil. Depois da separação, ela disse que furtaram. Sumiu tudo o que estava no cofre. Tinha joias, dinheiro… Ela entrou com um processo contra o Banco do Brasil, mas quando foi intimada, não foi. Ela viu que fez merda e por isso nem apareceu. O processo ficou rolando. Ela que limpou o cofre. E ainda teve a história da Land Rover, que estava no nome dela. Ela forjou o furto da Land Rover e deu entrada no seguro.
Como ela forjou o furto?
Saiu com o carro e disse que foi assaltada.
Onde ela colocou o carro?
Na época, ela saía com um miliciano no Rio das Pedras, um tal de Marcelo.
Ela namorava esse miliciano?
Sim. Foi depois da separação [de Jair Bolsonaro]. Ela conheceu esse miliciano, que era dono de uma pizzaria chamada Fortaleza. Acho que está até preso. Junto com ele, Ana Cristina forjou esse roubo.
E ela escondeu a Land Rover com esse namorado?
É. Foi armação dos dois. Ele tinha uma oficina na Penha, mas, na verdade, no fundo era um desmanche de carros. Aí essa Land Rover foi parar lá, porque eles fizeram um trato de ele ficar com o carro e ela dar entrada no seguro. Forjaram o roubo, e ela foi dar entrada no seguro, que era da Porto Seguro na época. Só que Bolsonaro desconfiou e a denunciou à Porto Seguro, tanto que o seguro foi embargado. Foram para a Justiça e tudo. E ela arrumou essa treta e ficou no prejuízo, porque o cara ficou com o carro, já era um acordo, e ela tomou prejuízo, tomou esse golpe.