Ex-assessor denuncia à PGR suposta rachadinha de candidato ao Planalto
Um mês após deixar gabinete, ex-assessor levou áudios à PGR; em dezembro, André Janones apareceu em quinto na corrida ao Planalto
atualizado
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O deputado e pré-candidato à Presidência André Janones, do Avante de Minas Gerais, foi denunciado à PGR por um ex-assessor pela prática de rachadinha, suposto crime de peculato. O ex-assessor parlamentar Fabrício Ferreira fez a acusação ao órgão no último dia 29. Procurado, o deputado disse desconhecer o caso.
Deputado estreante, Janones causou surpresa ao aparecer em quinto lugar na corrida presidencial na mais recente pesquisa Ipec, em 14 de dezembro. Empatou com João Doria e apareceu à frente de Cabo Daciolo, Rodrigo Pacheco, Alessandro Vieira e Simone Tebet. Janones se destaca dos colegas nas redes sociais, onde tem 7 milhões de seguidores no Facebook.
Na denúncia que fez contra Janones à PGR em dezembro, um mês após ter deixado o gabinete de Janones e encerrado três anos de trabalho na equipe do parlamentar, o ex-assessor Fabrício Ferreira aponta um “sistema de rachadinha” no mandato. Segundo o documento, a ex-assessora Leandra Guedes, atual prefeita de Ituiutaba (MG), cidade natal do deputado, recolhia parte do salário do ex-assessor Alisson Camargos, atual secretário de Meio Ambiente da cidade.
Fabrício Ferreira enviou dois áudios à PGR, no qual conversaria com Alisson Camargos em julho de 2020. “Você tem que passar esse mês ainda para ele (André Janones)?”, pergunta Fabrício, ao que Alisson responde: “Tem que passar ainda. Faz as contas aí”. “Mês passado você passou quanto?”, questionou Fabrício. “Quase cinco conto (sic) que eu passo para ele. Nem nove mil eu estou tirando. Nove mil assim, no papel, entendeu? Não é fácil não, rapaz”, afirmou Alisson. Naquele mês de julho, Alisson recebeu um salário bruto de R$ 10,5 mil da Câmara dos Deputados.
Em outro trecho, Fabrício volta a perguntar a Alisson: “Esse mês você tem que passar mais quatro mil para eles?”. Alisson responde: “Mais de quatro mil”. Fabrício continua: “É aquele mesmo esquema, dá o dinheirinho lá para a Leandra?”, e Alisson responde: “É, ué”. “E ela pega o dinheirinho e deve passar para o André”, completa Fabrício.
Ainda de acordo com o documento apresentado à PGR, Leandra é Leandra Guedes, que trabalhou no gabinete de André Janones de abril de 2019 até outubro de 2020, quando foi eleita prefeita de Ituiutaba. Alisson também deixou a Câmara nesse período, e no ano seguinte entrou para o secretariado da prefeita.
Procurados, o deputado André Janones, a ex-assessora e prefeita de Ituiutaba, Leandra Guedes, e o ex-assessor e secretário de Meio Ambiente de Ituiutaba, Alisson Camargos, afirmaram que desconhecem o caso e estão à disposição para esclarecer os fatos. Alisson Camargos declarou ainda que como assessor parlamentar “jamais devolveu ou cogitou devolver qualquer valor de sua remuneração”.
No último dia 30, a coluna mostrou que Janones mantém em seu gabinete um assessor que admitiu ao Ministério Público ter ocupado dois cargos públicos ao mesmo tempo e coordenou sua campanha. Cefas Luiz Paulino segue no cargo de confiança e recebe R$ 10,5 mil mensais.