EUA monitoram tentativa de infiltração de grupo pró-Kremlin no PDT
Departamento de Estado dos EUA afirma que o grupo Nova Resistência é uma plataforma de ideias neofascistas que tenta obter influência no PDT
atualizado
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O governo dos Estados Unidos monitora a tentativa da Nova Resistência, grupo constituído por seguidores brasileiros do russo Aleksandr Dugin, de se infiltrar no PDT. A conexão é mencionada num relatório do Departamento de Estado, divulgado na quinta-feira (19/10), com o título “Exportando Desinformação Pró-Kremlin: O Caso da Nova Resistência no Brasil”.
Os EUA declararam que a Nova Resistência representa riscos para a América Latina porque serve como “uma organização propositiva e representativa da ideologia neofascista e desestabilizadora de Aleksandr Dugin”. O ideólogo é apontado como o guru do presidente russo, Vladimir Putin, e como o principal difusor de teses favoráveis ao expansionismo da Rússia e à guerra na Ucrânia.
O relatório do Departamento de Estado não citou o PDT nominalmente, mas fez menção a textos que falam sobre a entrada de integrantes da Nova Resistência no partido. Um dos artigos foi publicado pelo site Sputnik Brasil (considerado “um meio de desinformação estatal russo” pelos EUA) e aborda “os laços declarados da plataforma da Nova Resistência com integrantes de um partido político do Brasil”.
Em outro trecho do relatório, o Departamento de Estado afirmou que, “no Brasil, a Nova Resistência busca obter influência em ao menos um partido político por meio de ligações com intelectuais associados à sigla”. “Apesar de a Nova Resistência alegar que alguns de seus integrantes são envolvidos com políticas populistas, não existem outras fontes públicas para corroborar essa afirmação”, diz o relatório.
O Departamento de Estado disse que a Nova Resistência causa preocupações e justifica pesquisas adicionais devido às “crescentes conexões com conhecidos atores malignos e com os meios do ecossistema russo de desinformação e propaganda”. Segundo o governo americano, o grupo promove a “criação rotineira e a amplificação de narrativas alinhadas ao Kremlin”.
Os EUA também externaram preocupação com a iniciativa “bem-sucedida [da Nova Resistência] de formar um grupo amplo de organizações latino-americanas que apoiam ideais russos, de cunho nacionalista e revolucionário”, e indicaram que irão monitorar “os esforços [do grupo] para enviar soldados para [lutar ao lado da Rússia] no Donbass, ao leste da Ucrânia”.