Escritores brancos estão com medo, diz Geovani Martins
“Escritor branco que já teve alguma relevância está amargurado”, diz Geovani Martins, finalista do Jabuti duas vezes
atualizado
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O escritor Geovani Martins, autor de “O sol na cabeça” e “Via Ápia”, afirmou nessa terça-feira (23/4) que há uma reação negativa por parte de escritores brancos com a ascensão de colegas negros. Segundo ele, “escritores brancos que já tiveram relevância” estão com medo e amargurados.
“Apesar dos prêmios, das bolsas e da herança, o escritor branco que já teve alguma relevância está amargurado. Agora precisa competir com aqueles que achava que só existiriam para servi-lo”, escreveu Martins no Instagram.
Martins afirmou ainda que esses escritores se sentem ameaçados ao não enxergarem mais só pessoas brancas em eventos literários. E que ignoram a realidade social do país. “Apesar da fome, do preço do transporte público e da existência de bilionários, o escritor branco que já teve alguma relevância realmente acredita que o nosso maior problema é o politicamente correto”.
Em 2019, Geovani Martins disse em uma entrevista que havia ficado “deslumbrado de ser tratado como um igual” por grandes nomes da literatura na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) de 2015. E lembrou que não havia outras pessoas negras no evento. “Ali eu percebei que era negro, porque era o único”, disse na ocasião.
O livro de estreia de Geovani Martins foi “O sol na cabeça”, que aborda a vida nas favelas. Foi finalista do Prêmio Jabuti em 2019 na categoria conto. Em 2022, com “Via Ápia”, o autor foi finalista do Jabuti na categoria romance e venceu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).