metropoles.com

Escola Vladimir Herzog recua e desiste de buscar militarização em SP

Família do jornalista Vladimir Herzog, assassinado por militares na ditadura, havia criticado escolha de colégio público em SP

atualizado

Compartilhar notícia

Divulgação/Instituto Vladimir Herzog
Jornalista Vladimir Herzog
1 de 1 Jornalista Vladimir Herzog - Foto: Divulgação/Instituto Vladimir Herzog

A Escola Vladimir Herzog, em São Bernardo do Campo (SP), recuou e desistiu de adotar o modelo cívico-militar do estado de São Paulo. O anúncio foi feito no domingo (21/7), dois dias depois de a coluna mostrar a reação da família do jornalista que dá nome ao colégio e foi assassinado por militares na ditadura.

Na contramão do Ministério da Educação, o governo Tarcísio Freitas pretende implantar a educação cívico-militar em 45 escolas no próximo ano. Nesta fase, as diretorias dos colégios informam o interesse ao governo. Uma delas foi a Vladimir Herzog, em São Bernardo do Campo (SP). Ivo Herzog, filho de Vlado, criticou o episódio:

“Lugar de militar é nos quartéis, não nas escolas. A família Herzog protesta fortemente em relação ao projeto de tornar a Escola Estadual Jornalista Vladimir Herzog uma escola civil-militar. Caso o projeto caminhe, iremos tomar as medidas cabíveis para que o nome do meu pai não se associe a esta atrocidade”, afirmou Ivo Herzog na sexta-feira (19/7).

Para a intenção da diretoria da escola se concretizar, a comunidade escolar ainda precisaria ser ouvida em três consultas públicas. Depois da reprovação da família Herzog, o colégio afirmou que seu método pedagógico inclui “valores essenciais para o desenvolvimento integral dos alunos, pautados nos princípios da democracia, pluralidade e inclusão social”.

Em 1975, o jornalista da TV Cultura Vladimir Herzog se apresentou ao Destacamento de Operações e Informações-Centro de Operações e Defesa Interna (DOI-Codi) do Exército depois de ser intimado a “prestar esclarecimentos”. Herzog foi torturado e assassinado na prisão, uma praxe das Forças Armadas na ditadura.

O Exército, na época, alegou que o jornalista da TV Cultura cometera suicídio, e divulgou uma foto em que Herzog aparecia enforcado com os joelhos rentes ao chão. Em 1978, a Justiça atendeu a um pedido da família Herzog e condenou a União como responsável pela prisão, pela tortura e pelo assassinato do jornalista.

Em 2013, a Comissão da Verdade embasou a mudança do atestado de óbito de Vlado para “lesões e maus-tratos sofridas em dependência do Exército”. Já em 2018, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Estado brasileiro pelo homicídio. Foi o primeiro julgamento em que o órgão reconheceu como crime contra a humanidade um assassinato cometido pela ditadura militar.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comGuilherme Amado

Você quer ficar por dentro da coluna Guilherme Amado e receber notificações em tempo real?