Ernesto queria trabalhar para o setor privado na licença do Itamaraty
Itamaraty impôs sigilo aos negócios do ex-chanceler Ernesto Araújo. Segundo aliados, Araújo cogitou publicar livro e fazer palestras
atualizado
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O ex-chanceler Ernesto Araújo declarou ao Itamaraty que pretendia trabalhar para o setor privado durante sua licença de um ano do ministério. Segundo aliados, Araújo tem escrito constantemente e cogitou publicar um livro, fazer palestras ou tentar uma bolsa universitária ou num think tank.
Em agosto do ano passado, Araújo tirou licença de um ano, sem salário, para tratar de “interesses particulares”. A autorização vai até 30 de agosto de 2022. O Itamaraty impôs sigilo aos detalhes de propostas, contratos ou negócios privados nos planos do ex-ministro.
A lei permite que o diplomata licenciado sem remuneração trabalhe para o setor privado.
No pedido de licença para o órgão público, Araújo citou duas vezes que pretendia exercer “atividades privadas”, o que não é ilegal. Os documentos foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.
A coluna enviou mensagens a Ernesto Araújo questionando o que ele tem feito e onde está trabalhando. O ex-chanceler leu as perguntas, não respondeu e bloqueou o contato.
Depois de encerrar uma gestão criticada à frente do Ministério das Relações Exteriores, em março de 2021, o olavista não foi indicado para assumir uma embaixada brasileira. Para isso, teria de receber o aval do Senado, o que seria improvável.
Em fevereiro, Araújo começou a publicar vídeos no YouTube. Desde então, já disse que Jair Bolsonaro e o Centrão fazem um governo de corruptos, atacou Bolsonaro por ter dado uma segunda chance a políticos condenados por corrupção enquanto critica Lula e avisou ao presidente que a crítica que faz ao governo que integrou “não é de graça, pode ter certeza”.