Embaixador em Madri assina termo com CGU por assédio moral
O autor da denúncia foi um diplomata atualmente lotado em Montevidéu
atualizado
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O embaixador brasileiro na Espanha, Pompeu Andreucci Neto, respondeu a uma sindicância por assédio moral e por ter orientado subordinados a mentir em expediente oficial. O diplomata, árduo defensor do governo Bolsonaro, assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), comprometendo-se a mudar o seu comportamento, e a sindicância foi concluída.
Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), esse documento é destinado a casos de infração disciplinar de “menor potencial ofensivo”. Ou seja: casos em que a punição seria uma advertência ou suspensão de até 30 dias. A pena mais grave para uma sindicância é a abertura de um processo disciplinar. Quando um agente público assina um TAC, ele se responsabiliza por ressarcir o dano causado e se compromete a seguir a lei.
O autor da denúncia foi um diplomata atualmente lotado em Montevidéu. O TAC é, na prática, um puxão de orelhas. Só tem consequência prática se, em dois anos, o servidor for alvo de uma nova sindicância.
Perguntado sobre o status da sindicância aberta contra Andreucci para investigá-lo por assédio moral e por ter orientado subordinados a mentir em expediente oficial, o Itamaraty limitou-se a informar que a investigação foi concluída com o TAC. Não detalhou como foi o assédio nem o episódio em que Andreucci Neto teria orientado um subordinado a mentir. O Itamaraty declarou ainda que segue a lei federal que determina o regime disciplinar dos servidores públicos. A CGU não respondeu sobre os detalhes do caso.
Pompeu Andreucci Neto é embaixador do Brasil em Madri desde 2018. Nos dois anos anteriores, foi chefe do Cerimonial do Palácio do Planalto no governo de Michel Temer e teve como subordinado o atual chanceler, Carlos Alberto França.
O embaixador tem se destacado como um dos mais entusiasmados defensores de Jair Bolsonaro. Já escreveu ao El País atacando o jornal espanhol por reportagens expondo os problemas do governo atual. No ano passado, quando Bolsonaro passou a chocar o mundo pela maneira como lidava com a pandemia, Andreucci Neto escrevo uma carta acusando o El País de manter uma fixação pelo Brasil, que “beira as raias de uma verdadeira tara”, de “arrogância obscurantista” e de “vocação neocolonialista”.