Em 10 anos, ministério só enviou R$ 2,1 milhões contra desastres no RS
Em média, cidades de SP receberam cem vezes mais; apenas duas cidades do RS obtiveram verba do Ministério do Desenvolvimento Regional
atualizado
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Nos últimos dez anos, o Ministério do Desenvolvimento Regional transferiu apenas R$ 2,1 milhões para cidades do Rio Grande do Sul prevenirem desastres naturais e enchentes. O valor médio por ano é quase cem vezes menor ao repassado pela pasta a municípios de São Paulo com o mesmo objetivo. A população do Rio Grande do Sul é quatro vezes menor do que a de São Paulo.
Desde 2014, o ministério fez três repasses a cidades gaúchas para prevenir desastres naturais e enchentes: R$ 359 mil a Barra do Rio Azul (RS) em 2018, R$ 838 mil à mesma cidade em 2019, e R$ 900 mil a Roca Sales (RS) em 2020. No total, foram R$ 2,1 milhões em dez anos, uma média de R$ 210 mil anuais para cidades de todo o Rio Grande do Sul.
As duas cidades gaúchas contempladas com as verbas foram duramente atingidas pelas enchentes neste mês, no pior desastre climático da história do estado. A prefeitura de Barra do Rio Azul, na região norte do Rio Grande do Sul, estuda mudar a cidade de lugar. Em Roca Sales, no centro do estado, autoridades avaliam realocar 40% da população de 10,5 mil habitantes.
O mesmo ministério, entre 2014 e 2020, enviou R$ 120,2 milhões a cidades paulistas, para a prevenção de desastres naturais. A média anual foi de R$ 20 milhões. Os dados da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. Na resposta, a pasta alegou que “os investimentos em prevenção não são centralizados na secretaria”, o que contrasta com o histórico de recursos enviados a São Paulo.
A população gaúcha é de 10,9 milhões de pessoas, quatro vezes menos do que o estado de São Paulo. Só a capital paulista — que tem 11,4 milhões de habitantes, mais do que todo o RS — recebeu R$ 42,2 milhões do Ministério do Desenvolvimento Regional de 2014 e 2020.
Pelo menos 163 pessoas morreram nas enchentes no Rio Grande do Sul neste mês. Diversas cidades estão alagadas há mais de uma semana. Há 72 desaparecidos e 581 mil desalojados. Segundo o governo estadual, 2,3 milhões foram afetados pelo desastre climático.