O deputado Eduardo Bolsonaro agiu bem ao condenar o ataque do deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos-SP) à jornalista Vera Magalhães, mas Eduardo ali não estava apenas defendendo a liberdade de imprensa ou as mulheres — até porque o prontuário de ataques da família Bolsonaro a jornalistas mulheres fala por si.

Garcia é “persona non grata” no clã Bolsonaro desde que brigou com Eduardo no ano passado. O deputado produziu e divulgou em 2020 um “dossiê antifascista” que continha dados pessoais de centenas de opositores do governo Bolsonaro. O caso teve tamanha repercussão em São Paulo que Garcia foi condenado a pagar danos morais a todos os citados.

Sem dinheiro para custear as ações judiciais, Garcia procurou Eduardo pedindo ajuda da família presidencial, sob o argumento de que havia feito o dossiê para proteger Bolsonaro. Eduardo disse que o clã não tinha nada a ver com o episódio e se negou a oferecer suporte a Garcia.

Após a discussão, Garcia ficou isolado na Assembleia de São Paulo e chegou a pedir conselhos para Arthur do Val, o Mamãe Falei, sobre como se dissociar da família Bolsonaro na eleição deste ano. Arthur, que votou em Bolsonaro em 2018, havia aderido com o MBL à oposição ao presidente. O então deputado estadual disse que Garcia havia feito um mergulho muito profundo no bolsonarismo e que dificilmente conseguiria se reeleger de outra forma.

Nas postagens sobre o ataque, Eduardo enviou recados ao eleitorado bolsonarista que poderia tratar Garcia como um herói. “Ninguém constrói nada sozinho na política e essas atitudes inconsequentes visando os holofotes e a auto-promoção (sic), além de erradas em si mesmas, podem pôr a perder um trabalho de meses, reforçar estereótipos e trazer prejuízos para todo um grupo político”, escreveu, como se ele não fizesse o mesmo.

Eduardo encerrou com a seguinte mensagem: “Também peço a todos que observem quem sabe trabalhar em equipe, se dedicar a um projeto maior do que si próprio e buscar resultados sem fazer muito barulho.”