Dois terços dos jovens detidos no sistema socioeducativo são negros
Taxa de jovens negros no sistema socioeducativo é de 64%, 8% maior em relação ao último levantamento; ministério aponta criminalização
atualizado
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Adolescentes negros correspondem a 64% dos internos do sistema socioeducativo nacional, que abriga jovens condenados na Justiça. A taxa cresceu 8% desde o último levantamento realizado pelo governo, que aconteceu em 2017, ainda sob Michel Temer. Os números foram divulgados nesta segunda-feira (4/12) pelo Ministério dos Direitos Humanos.
O Brasil tem 11,5 mil adolescentes no sistema socioeducativo, isto é, com alguma restrição de liberdade ordenada pela Justiça. Do total, 2,6 mil são negros, o equivalente a 64%. Nos três últimos levantamentos, feitos de 2015 a 2017, os percentuais de jovens negros cumprindo esse tipo de pena eram 61%, 59% e 56%, respectivamente. Agora, a proporção chegou a 64%.
Brancos representam 22%, com 2,6 mil. Há ainda 0,1% de jovens de cor amarela e 0,4% de indígenas. Não é possível saber a raça de 7% dos adolescentes, por falta de informação repassada pelos estados.
O relatório do Ministério dos Direitos Humanos apontou a “marginalização e a criminalização dos jovens negros, tanto no mundo do trabalho como na vida escolar, na convivência comunitária e na participação política”, acrescentando que houve pouco avanço no enfrentamento ao racismo no país.
Em São Paulo, onde 40% da população é negra, os jovens do sistema socioeducativo são 70%. A disparidade também acontece no Paraná, com 50% de pessoas negras no sistema socioeducativo e 34% na população.
A predominância de pessoas negras também é uma realidade nas prisões brasileiras. Em julho deste ano, uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública informou que a população negra encarcerada no Brasil atingiu o maior patamar da série histórica, iniciada em 2005. Em 2022, havia 442 mil pessoas negras presas, ou 68% do total.