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Dirigente do Avante diz ter relatado esquema de pastores a ministro

José Edvaldo Brito se reuniu com Milton Ribeiro no dia 16 de setembro; ele ajudou prefeituras de São Paulo a organizarem eventos com o FNDE

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Edvaldo Brito posa ao lado do ministro da Educação, Milton Ribeiro, em foto tirada em dezembro de 2021
1 de 1 Edvaldo Brito posa ao lado do ministro da Educação, Milton Ribeiro, em foto tirada em dezembro de 2021 - Foto: Reprodução/Facebook

O dirigente do Avante José Edvaldo Brito, presidente do partido em Piracicaba, afirmou à coluna que denunciou o esquema de propina dos pastores Arilton e Gilmar Santos ao ministro da Educação, Milton Ribeiro. Brito atuou com prefeituras do interior de São Paulo para organizar eventos com a presença de Ribeiro e de técnicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

A agenda do Ministério da Educação mostra que Brito reuniu-se com o assessor especial Gustavo Bechelany, o secretário-executivo, Victor Godoy, e o presidente do FNDE, Marcelo Ponte, em 15 de setembro do ano passado. No dia seguinte, ele se encontrou com o ministro junto dos mesmos servidores.

“Há um processo na CGU. Sou o cara que fez a denúncia, prestei depoimento na CGU, disse Brito.

O dirigente do Avante não quis detalhar a denúncia feita ao ministro porque o processo aberto na CGU corre em sigilo. Ele disse que fará uma reunião com seus advogados antes de se pronunciar oficialmente.

“Não sei se teve mais gente que denunciou. O ministro é um cara sério e tomou as providências no ano passado”, afirmou.

Brito não tem cargo eletivo, mas ajudou as prefeituras de Nova Odessa e de Monte Alto a organizarem eventos com um “gabinete itinerante” do FNDE. O evento em Nova Odessa ocorreu no dia 21 de agosto do ano passado e o de Monte Alto aconteceu em 10 de dezembro. Milton Ribeiro esteve em ambos.

Publicações no Facebook apontam que o evento em Nova Odessa reuniu autoridades de cerca de 70 cidades. Já o de Monte Alto contou com a presença de 40 representantes municipais.

À coluna, o secretário de Educação de Nova Odessa, José Jorge Teixeira, afirmou que os pastores Arilton e Gilmar estiveram no evento e discursaram junto de autoridades locais. Segundo Teixeira, os pastores organizaram um culto na cidade após o encerramento do evento. O secretário disse não ter presenciado irregularidades.

As jornalistas Renata Cafardo e Julia Affonso publicaram que versões da Bíblia comentada por Gilmar Santos foram distribuídas durante o evento em Nova Odessa. Prefeitos denunciaram que o esquema de propina envolvia a compra das Bíblias.

Milton Ribeiro disse em entrevista à CNN Brasil, na quarta-feira (23/3), que recebeu em agosto uma denúncia sobre o gabinete paralelo dos pastores e comunicou o caso à CGU. O ministro não citou quem fez a acusação.

Uma reportagem de Bruno Boghossian, Constança Rezende e Paulo Saldaña mostrou que, desde setembro, quando Brito teria feito a denúncia, Milton Ribeiro teve ao menos quatro encontros com o pastor Arilton no gabinete do Ministério da Educação e uma reunião externa com ele. Em pelo menos três desses casos, houve liberação de verba do FNDE dias depois dos encontros, segundo a reportagem.

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Antes de virar ministro, Milton Ribeiro já colecionava uma série de polêmicas. Em uma delas, postou no canal que tinha no YouTube palestra em uma Igreja Presbiteriana, em 2016. À época, afirmou apoiar o castigo físico em crianças
“Essa ideia que muitos têm de que a criança é inocente é relativa. Um bom resultado não vai ser obtido por meios justos e métodos suaves”, disse. Segundo ele, as crianças “devem sentir dor”. Um dia após tomar posse no Ministério da Educação, no entanto, retirou o vídeo da plataforma e, mais tarde, afirmou nunca ter falado sobre o assunto
Em 2018, o ex-ministro afirmou que universidades incentivavam alunos a fazerem “sexo sem limites”. “Para contribuir ainda mais, em termos negativos, para o sexo veio a questão do existencialismo. Não importa se é com homem ou mulher”, disse. “É isso que eles estão ensinando para os nossos filhos na universidade”, completou
Além disso, Ribeiro afirmou que universidades devem ser para poucos e que reitores de federais não podem ser “esquerdistas” ou “lulistas”. “Eu acho que reitor tem que cuidar da educação e ponto final, e respeitar quem pensa diferente. As universidades federais não podem se tornar comitê político de um partido A, de direita, e muito menos de esquerda”, relatou
Durante a pandemia, Milton também criticou professores que defendiam a vacinação de crianças para o retorno das aulas. “Infelizmente, alguns maus professores fomentam a vacinação deles, que foi conseguida. Agora, querem a imunização das crianças. Depois, com todo o respeito, para o cachorro, para o gato. Querem vacinação de todo jeito. O assunto é: querem manter escola fechada”, disse
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Antes de virar ministro, Milton Ribeiro já colecionava uma série de polêmicas. Em uma delas, postou no canal que tinha no YouTube palestra em uma Igreja Presbiteriana, em 2016. À época, afirmou apoiar o castigo físico em crianças

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“Essa ideia que muitos têm de que a criança é inocente é relativa. Um bom resultado não vai ser obtido por meios justos e métodos suaves”, disse. Segundo ele, as crianças “devem sentir dor”. Um dia após tomar posse no Ministério da Educação, no entanto, retirou o vídeo da plataforma e, mais tarde, afirmou nunca ter falado sobre o assunto

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Em 2018, o ex-ministro afirmou que universidades incentivavam alunos a fazerem “sexo sem limites”. “Para contribuir ainda mais, em termos negativos, para o sexo veio a questão do existencialismo. Não importa se é com homem ou mulher”, disse. “É isso que eles estão ensinando para os nossos filhos na universidade”, completou

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Além disso, Ribeiro afirmou que universidades devem ser para poucos e que reitores de federais não podem ser “esquerdistas” ou “lulistas”. “Eu acho que reitor tem que cuidar da educação e ponto final, e respeitar quem pensa diferente. As universidades federais não podem se tornar comitê político de um partido A, de direita, e muito menos de esquerda”, relatou

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Durante a pandemia, Milton também criticou professores que defendiam a vacinação de crianças para o retorno das aulas. “Infelizmente, alguns maus professores fomentam a vacinação deles, que foi conseguida. Agora, querem a imunização das crianças. Depois, com todo o respeito, para o cachorro, para o gato. Querem vacinação de todo jeito. O assunto é: querem manter escola fechada”, disse

Isac Nóbrega/PR
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No fim de 2020, Ribeiro alegou que a nota do Enem de 2021 não poderia ser utilizada para o Sisu, Prouni ou Fies. Segundo ele, para ter acesso aos programas, era necessário utilizar notas de exames anteriores. Após manifestações contrárias, o Ministério da Educação negou as falas do chefe

Fábio Rodrigues/Agência Brasil
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Durante uma entrevista, Milton Ribeiro relacionou a homossexualidade a “famílias desajeitadas”. “Acho que o adolescente, que muitas vezes opta por andar no caminho do 'homossexualismo' (SIC), tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe”, afirmou

Isac Nóbrega/PR
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Em 2021, quando ainda era ministro, declarou que a inclusão de alunos com deficiências na mesma turma que alunos sem deficiências “atrapalhava o aprendizado dos outros, porque a professora não tem equipe e não tem conhecimento para dar atenção especial”. Segundo ele, “existem crianças com um grau de deficiência que é impossível a convivência”

Reprodução/Tv Brasil
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No início de 2022, um áudio onde Milton Ribeiro afirma priorizar repasses da Educação a determinadas prefeituras e a pedidos do presidente Bolsonaro ganhou o noticiário. Apesar de, logo em seguida, negar a existência de irregularidades, bem como o envolvimento de Bolsonaro, Ribeiro passou a ser objeto de pedidos de investigação

Vinícius Schmidt/Metrópoles
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“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma Ribeiro em conversa gravada. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, declarou o então ministro

Arthur Menescal/Especial Metrópoles

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