Diplomatas criticam decisão do Itamaraty sobre retorno a Brasília
Itamaraty quer retorno de diplomatas que estão há mais de seis anos no exterior; Associação dos Diplomatas aponta “profundo desconforto”
atualizado
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A Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB) criticou a decisão do Itamaraty de não renovar a permanência de diplomatas que estão há mais de seis anos no exterior e transferir esses funcionários a Brasília. Em carta enviada na última sexta-feira (19/1) ao chanceler Mauro Vieira, a ADB citou “profundo desconforto” e “grave preocupação” com a medida.
Como informou a coluna, no último dia 16 o Itamaraty encaminhou um telegrama aos postos estrangeiros apontando a “urgência” de suprir a demanda de servidores na Secretaria de Estado, órgão central do ministério, em Brasília. A medida afeta diplomatas que já cumpriram o tempo mínimo de posto e estão há mais de seis anos consecutivos fora do Brasil.
Além de reforçar a força de trabalho na Secretaria de Estado, o Itamaraty busca corrigir o desequilíbrio entre postos estrangeiros. Segundo a avaliação do ministério, há carência de servidores em cidades estratégicas para a diplomacia nacional, ao passo que outros locais menos visados contam com um alto número de funcionários.
Para a ADB, essa decisão vai impactar o “planejamento de carreiras e as vidas pessoais, familiares e financeiras de todos os diplomatas por ela afetados”. Os diplomatas esperam planejar “minimamente” suas vidas, seguiu o documento.
A associação ironizou o fato de, em outro trecho do telegrama, o Itamaraty defender o cuidado à saúde mental da pasta. “É no mínimo curioso que, na mesma circular telegráfica, haja um parágrafo acerca da “política de qualidade de vida e bem-estar no trabalho […] apoiada por programas que buscam cuidar da integridade física e mental do servidor”, escreveu o presidente da ADB, Arthur Nogueira, que pediu uma reunião com o ministro das Relações Exteriores.