Deputado pede ao MPF afastamento de Sérgio Camargo por ataque a Moïse
Sérgio Camargo xingou jovem congolês espancado até a morte no Rio depois de ter cobrado pagamento por trabalho em quiosque
atualizado
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O deputado Ivan Valente, do PSol de São Paulo, pediu nesta segunda-feira (14/2) que o MPF peça o afastamento do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, por ter dito que o congolês Moïse Kabagamve era um “vagabundo morto por outros vagabundos“. No mês passado, o jovem negro foi espancado até a morte em um quiosque de praia no Rio de Janeiro, após cobrar pagamento por seu trabalho.
“Camargo usou o cargo para agredir uma pessoa assassinada e para disseminar ódio e preconceito contra a população negra. É imprescindível que o MPF não permita a banalização de um crime tão grave [racismo], previsto na Constituição como inafiançável e imprescritível, sobretudo quando praticado por ocupante de cargo público no Poder Executivo Federal”, afirmou a representação protocolada no MPF do Distrito Federal, assinada pelo advogado Marivaldo Pereira.
Na última sexta-feira (11/2), o presidente da fundação cuja missão é valorizar a cultura negra afirmou, sem provas, que Moïse Kabagamve, que trabalhava no quiosque onde foi brutalmente morto, “andava e negociava com pessoas que não prestam”. Camargo também xingou o congolês assassinado. A declaração foi considerada cruel até por deputados bolsonaristas.
Em agosto do ano passado, em outro processo, o Ministério Público do Trabalho pediu que Camargo fosse afastado da Palmares por ter promovido perseguição político-ideológica, discriminação e tratamento desrespeitoso no órgão público. Dois meses depois, a Justiça do Trabalho atendeu o pedido em parte: manteve o bolsonarista no posto, mas impediu Camargo de atuar na gestão de pessoas na fundação.