Delegado acusado de travar caso Marielle citou “esporro” em equipe
Delegado Giniton Lages diz ter dado “esporro geral” em subordinados por falha técnica no caso Marielle; desculpa “esfarrapada”, diz PF
atualizado
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O delegado afastado da Polícia Civil do Rio de Janeiro Giniton Lages, acusado pela Polícia Federal (PF) de travar a investigação do caso Marielle, disse em seu livro ter dado um “esporro geral” nos subordinados por uma falha técnica no inquérito. Para a PF, contudo, o episódio foi uma desculpa “esfarrapada” de Lages, que foi classificado no relatório como cínico e sem caráter.
Segundo a PF, Lages atuou para atrasar a obtenção de imagens do local de onde partiu o carro de Ronnie Lessa, assassino confesso da parlamentar. Para a PF, Lages deu uma explicação “esfarrapada” ao alegar um problema técnico da polícia. “Desvio de caráter e cinismo”, concluiu a PF.
Em seu livro publicado em 2022, Giniton Lages afirmou ter ficado profundamente irritado com a falha. Ele disse que descobriu o problema técnico com Eduardo, o analista de áudio e vídeo que trabalhava com a equipe. “Puta merda! E como isso passou”, disse o delegado, ao que o funcionário apontou uma falha técnica.
“Foi o nosso maior erro. Até hoje fico puto de lembrar dessa história”, seguiu Lages, acrescentando que deu uma reprimenda em seus subordinados: “Perdi a cabeça. Chamei todo mundo da delegacia e dei um esporro geral. […] ‘Calma o caralho! Vocês querem me foder? Como podem deixar isso passar? Estava na cara e ninguém viu!’, gritava, batendo na mesa”, afirmou Giniton Lages no livro “Quem matou Marielle? Os bastidores do caso que abalou o Brasil e o mundo, revelados pelo delegado que comandou a investigação”, de Lages e do jornalista Carlos Ramos.