A atriz Dani Calabresa afirmou que decidiu formalizar uma denúncia de assédio sexual contra Marcius Melhem, ex-chefe do Núcleo de Humor da Globo, depois que Melhem começou a descredibilizá-la e o ambiente de trabalho ficou insustentável. Calabresa foi a primeira pessoa, em dezembro de 2019, a denunciar Melhem por assédio ao departamento de compliance da Globo. 

Nesta sexta-feira (24/3), a coluna publicou entrevistas com quatro mulheres que denunciaram Melhem e sete testemunhasentrevista exclusiva com as mulheres que acusam Marcius Melhem de assédio sexual e moral. A coluna conversou com um grupo de 11 pessoas que integraram ou integram a área de humor da TV Globo e elas contam, pela primeira vez, as experiências que viveram ao lado do ator.

“Eu também não queria comprar briga com o chefe, porque eu amo trabalhar. Comprar briga com ele custaria a minha carreira. Só que chegou um ponto em que eu queria sair da Globo. Eu não tinha medo de sair. Eu tinha medo de ficar”, disse Calabresa, completando que Melhem adotou uma estratégia de taxá-la abertamente no trabalho como alguém com “problema psiquiátrico”.

Dani Calabresa

A humorista relatou que ouvia dos colegas as acusações feitas por Melhem e, num primeiro momento, não relatou as investidas sexuais por temor de um escândalo:

“Eu ia trabalhar, eu ouvia dos redatores. ‘Ele falou que você está com problema na cabeça, você está com um problema psiquiátrico’. Então, ele me descredibilizou antes, pensando: ‘Se essa me dar a dor de cabeça falando o que eu faço… Então, deixa pintar ela de louca’. Tenho defeitos pra caramba, mas não sou louca”. 

Antes de acionar o compliance da Globo, Calabresa disse que procurou duas diretoras da emissora. Ela disse ter tido receio de que o caso virasse um escândalo. 

“Eu não tive coragem de falar do assédio sexual a primeira vez que eu falei com a direção. Eu tive medo do escândalo. Primeiro, eu falei com a Mônica Albuquerque [então diretora de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico da Globo] e a Jazatte [Maria Jazette Guedes da Costa, diretora de talentos artísticos na Globo], e disse que estava insustentável trabalhar em um ambiente em que eu era barrada dos convites; que eu estava trabalhando com tremedeira; que ele se aproveitava das brincadeiras para brincar ereto; que ele pegava de verdade; ele tentava enfiar a língua de verdade. Não é selinho, não é piada, não é brincadeira”.

Confira trecho da entrevista:

(Colaboraram Bruna Lima, Edoardo Ghirotto, Eduardo Barretto e Natália Portinari)