Conselheiros do Cade acusam presidente de conduzir reunião alcoolizado; ele nega
Presidente do Cade também é acusado de nomear namorada para seu gabinete
atualizado
Compartilhar notícia
Integrantes do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) acusaram o presidente do órgão, Alexandre Barreto, de conduzir alcoolizado uma reunião, em outubro do ano passado. Na tarde do dia 27 daquele mês, num encontro virtual interno, entre conselheiros e o presidente, Barreto passou, ao fim da reunião, a apresentar um comportamento confuso, que pareceu a alguns integrantes do tribunal o de uma pessoa sob efeito de álcool. Após alguns conselheiros tentarem interromper o encontro, uma das conselheiras escreveu privadamente uma mensagem de WhatsApp para Barreto, sugerindo que ele encerrasse a reunião, por estar “visivelmente bêbado”. Barreto não questionou a afirmação. “Ok. Obrigado pelo toque”, respondeu. Procurado pela coluna, o presidente do Cade negou que estivesse alcoolizado e disse que estava sendo irônico.
Entretanto, três conselheiros do tribunal confirmaram à coluna terem tido a impressão de que ele estava alcoolizado. Uma deles, a conselheira Lenisa Rodrigues Prado, limitou-se a confirmar ter percebido que ele estava sob efeito de álcool. Os outros dois confirmaram a mesma percepção, mas sob a condição de sigilo.
“A reunião começou um pouco depois das 14h. Ele estava normal durante boa parte da reunião. A partir de umas 16h, passou a beber uma taça de vinho e, depois das 18h, apresentou esse comportamento. Me pareceu, sim, estar alcoolizado”, afirmou um desses dois conselheiros.
Um quarto conselheiro ouvido pela coluna também percebeu alteração no comportamento e na fala de Barreto, mas não observou a presença da taça de vinho e não se sente seguro para atribuir a postura ao álcool. Segundo esse conselheiro, que também pediu para não ser identificado, esta é uma “questão menor”, e ele, embora reconheça ter divergências com Barreto, negou que seja frequente esse tipo de comportamento da parte do presidente do Cade.
Outro conselheiro, Maurício Oscar Bandeira Maia, saiu em defesa do colega.
“Barreto sempre se comportou corretamente em trabalho, sem nunca demonstrar qualquer tipo de alteração de qualquer natureza. Ele sempre conduz nossas reuniões com extremo profissionalismo e compostura”, afirmou.
A coluna obteve o print da conversa entre Paula Azevedo e Barreto, cuja autenticidade foi confirmada pelos dois. Ele, entretanto, afirmou que não questionou a afirmação dela por não querer polemizar. “Isso. é invenção. Minha relação com a Paula é protocolar. Estava sendo irônico ao responder ‘Obrigado pelo toque’. Não iria ficar querendo convencê-la numa conversa de WhatsApp que eu não estava bêbado. Há como pano de fundo uma disputa de cargos”.
A disputa de cargos a que Barreto faz referência é pela Superintendência Geral do Cade, que ficará vaga com o fim do mandato de Alexandre Cordeiro. Embora não afirme publicamente, Barreto tem se movimento para ser indicado para o lugar de Cordeiro.
Namorada nomeada como assessora
Na lista de críticas feitas à gestão do presidente do Cade, está também a nomeação de sua namorada, em janeiro deste ano, para um cargo de assessoria em seu gabinete. A servidora Sarah Marques, atualmente cedida do gabinete de Barreto para um projeto na Corregedoria do Cade, foi nomeada por ele em 28 de janeiro.
“Tenho o direito de preservar minha privacidade e não vou confirmar ou negar que a servidora seja minha namorada. Sou casado”, afirmou Barreto à coluna, negando que tenha havido qualquer tipo de favorecimento. “É uma servidora competente”. A coluna procurou a assessoria de imprensa do Cade para oferecer espaço a Sarah Marques para comentar a nomeação, mas não obteve resposta sobre esta demanda.