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Coluna lança canais para receber documentos sob sigilo: saiba como participar

Criamos quatro canais para recebimento de denúncias e documentos sigilosos, que possam ser o ponto de partida para reportagens

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A coluna começa nesta segunda-feira (02/08) uma campanha nas redes sociais e em painéis digitais espalhados pela Capital Federal para convidar você, leitor, a contribuir com investigações jornalísticas sobre o poder. Criamos quatro canais para recebimento de denúncias e documentos sigilosos, que possam ser o ponto de partida para que eu e os repórteres Bruna Lima, Edoardo Ghirotto, Eduardo Barretto e Naomi Matsui possamos ir a campo para investigar a veracidade e consistência deles, checar, rechecar e, sendo notícia, publicar.

Queremos, portanto, incentivar que surjam no Brasil mais e mais denunciantes — ou whistleblowers, para usar o termo em inglês. Um whistleblower, em tradução literal, é o assoprador de apito. Juridicamente e no jornalismo, o termo é usado para chamar quem espontaneamente leva ao conhecimento de uma autoridade ou de um jornalista informações relevantes sobre algo ilícito.

As irregularidades relatadas podem ser atos de corrupção, fraudes públicas, desperdício de recursos públicos, atos que coloquem em risco os direitos humanos, a saúde pública etc.

Denunciantes têm um papel importante no jornalismo e na história de vários países. Um dos episódios mais rumorosos dos últimos anos foi o caso Snowden, em que o ex-administrador de sistemas da CIA revelou, em 2013, que o governo americano espionava cidadãos dos Estados Unidos e de outros países.

O mais famosos de todos talvez seja o caso Watergate, em que W. Mark Felt, diretor-assistente do FBI, forneceu, em 1974, informações a jornalistas do Washington Post sobre o envolvimento do ex-presidente americano Richard Nixon na espionagem do Comitê do Partido Democrata em 1972. Após a revelação, Nixon renunciou à Presidência dos Estados Unidos.

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Richard Nixon
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Nixon renuncia

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Richard Nixon

Outro caso emblemático de whistleblowing foi o Pentagon Papers. Repórteres do New York Times receberam do economista Daniel Ellsberg, em 1971, informações de um gigantesco relatório que expunha as controversas decisões dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Depois, o Washington Post também teve acesso ao material.

Neste trabalho com whistleblowers, a coluna seguirá um guia lançado em 2019 no Festival Internacional de Jornalismo de Perugia, na Itália: o Perugia Principles for journalism: working with whistleblowers in the digital age — ou “Princípios de Perúgia para o Jornalismo: trabalhando com denunciantes na era digital”, em tradução livre. São um conjunto de regras de orientação para jornalistas lidarem de maneira ética e cuidadosa com esse tipo de fonte.

“Fonte” é como chamamos no jornalismo os diferentes portadores de informação. Podem ser pessoas, como autoridades, especialistas, personagens que presenciaram ou viveram uma experiência pertinente de ser contada na reportagem, mas também documentos, bancos de dados, planilhas. O denunciante é uma fonte com a qual o jornalista tem que ter todo o cuidado. Cuidado para preservá-lo e também com a informação por ele ou ela trazida.

O Investigative Reporter’s Handbook (Manual do Repórter Investigativo), editado pela associação americana de jornalismo investigativo, a Investigative Reporters and Editors (IRE), explica que muitos denunciantes são sinceros e corretos em suas afirmações, e decidem levar denúncias à imprensa porque não conseguiram mudar internamente as organizações de que fazem parte pelos canais regulares.

Outros, entretanto, podem agir movidos por interesses escusos e estarem interessados em usar o jornalista para divulgar uma informação falsa e atacar a reputação de uma pessoa ou uma instituição.

Nas duas situações, o jornalista deve ter muito cuidado para preservar a segurança e a privacidade do denunciante e ter ainda mais afinco e cuidado ao apurar a informação por ele fornecida, para que se tenha certeza e segurança sobre seu conteúdo antes da publicação. Mas, seguindo todos os preceitos do bom jornalismo, um dado trazido por um denunciante pode ser fundamental para o sucesso de uma investigação jornalística.

“Em todo o mundo, a melhor arma contra a corrupção são os milhões de olhos de servidores públicos, empregados de empresas e cidadãos em geral, dispostos a agir em nome do interesse público e denunciar esquemas que tomem conhecimento. Os chamados ‘whistleblowers‘ exercem um papel fundamental e, por isso, devem contar com toda a proteção da lei e o respeito da sociedade”, defendeu o economista Bruno Brandão, diretor da Transparência Internacional no Brasil, defensor da prática como forma de combater a corrupção.

Saiba aqui como se tornar um denunciante da coluna e acompanhe ao longo desta semana reportagens sobre o que é ser um whistleblower e sua importância para a democracia.

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metropoles.comGuilherme Amado

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