metropoles.com

COB: Conselho questiona contratação de parecer a favor de presidente

Diretoria jurídica do COB contratou parecer que favorece o presidente, que tenta reeleição. Conselho de Ética aponta conflito de interesses

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Tomaz Silva/Agência Brasil
Paulo Wanderley
1 de 1 Paulo Wanderley - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O parecer contratado pela diretoria jurídica do Comitê Olímpico do Brasil (COB) que referenda a candidatura de Paulo Wanderley, atual presidente, não foi bem recebido pelo Conselho de Ética da entidade. O presidente do conselho, Guilherme Faria, enviou a diversas entidades uma carta com duras críticas, entre elas sobre um suposto conflito de interesses. Para ele, o parecer deveria ter sido contratado de forma independente.

De acordo com fontes do COB, o parecer foi contratado pela diretoria jurídica porque houve uma manifestação da Comissão de Atletas, endereçada ao Comitê, questionando a candidatura do atual presidente.

O comunicado, segundo apurou a coluna, apesar de ter assinado por Guilherme, foi escrito por todos os conselheiros. A carta foi enviada ao Conselho de Administração, ao diretor-geral, Rogério Sampaio; aos presidentes das confederações olímpicas, a Comissão de Atletas, aos comitês de Integridade e Conformidade; e também ao Compliace Officer do COB.

Segundo o Conselho de Ética, o parecer revela conflito de interesses, já que a atual diretoria do COB é subordinada à chapa de Paulo Wanderley. Eles afirmaram ainda que a “boa prática de governança requer que os candidatos que integram a chapa de situação abstenham-se de participação em deliberações relativas ao processo eleitoral, inclusive com a não utilização de recursos humanos e financeiros do COB para consultar temas de interesse de tal chapa eleitoral”.

Além disso, pontuaram que “a convicção do COB quanto à legalidade do processo eleitoral em curso é, data máxima vênia, questionável, uma vez que todos os membros da Diretoria se reportam à atual Administração, cujo Presidente e Vice-Presidente buscam a reeleição, caracterizando aparente conflito de interesses, cujos riscos devem ser mitigados”.

Um dos motivos da bronca foi que o Conselho de Ética está elaborando pareceres sobre a legalidade das chapas. Após estarem prontos, eles serão submetidos ao Conselho de Administração do COB, que seguirá as recomendações ou não.

No documento, também foi tratado a quem os pareceres serão submetidos. O Conselho de Ética pede que seja constituído um “Comitê de Assessoramento para Assuntos Eleitorais”, que é um órgão independente. Sem eles, as decisões são tomadas pelo Conselho de Administração, presidido por Paulo Wanderley.

A candidatura de Paulo Wanderley vem sofrendo resistência da Comissão de Atletas e de ONGS de governança esportiva, que entendem que ele assumirá um terceiro mandato, caso se reeleja. Isso, no entendimento deles, impossibilitaria que o COB receba recursos federais, porque ficará em desacordo com a Lei Pelé e a Lei Geral do Esporte, que estabelecem que, para receber os valores, as entidades têm que ser presididas por pessoas que exerçam no máximo dois mandatos seguidos.

O parecer contratado pela diretoria jurídica do COB afirma que a candidatura, e possível reeleição, de Paulo Wanderley não irá infringir a lei. De acordo com o jurista Lenio Streck, o primeiro mandato foi tampão. Wanderley era vice e se tornou presidente após a renúncia de Carlos Arthur Nuzman. Além disso, a mudança no estatuto do COB, que permite apenas uma eleição e uma reeleição, foi feita após ele assumir a presidência. Streck frisou que as mudanças não podem ser retroativas.

“A Lei Geral do Esporte passa a exigir a previsão de alternância do exercício da Presidência com limite de mandatos nos estatutos das organizações. Logo, trata-se de uma exigência nova, sem previsão anterior, que deve operar benefício do Comitê Olímpico do Brasil inclusive na hipótese — totalmente legítima — de reeleição do Sr. Paulo Wanderley”, disse o parecer.

(Atualização às 16h de 20 de setembro de 2024: O COB entrou em contato com a coluna e informou que “o parecer em questão foi encomendado para responder a uma solicitação da Comissão de Atletas endereçada ao presidente do Comitê Olímpico do Brasil”. O documento enviado pelos atletas solicitou “esclarecimentos sobre as bases jurídicas que sustentam a candidatura para um terceiro mandato”. O COB disse ainda, que “por sua vez, solicitou o parecer a um jurista independente”).

Receba o conteúdo da coluna no seu WhatsApp

Siga a coluna no Instagram

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comGuilherme Amado

Você quer ficar por dentro da coluna Guilherme Amado e receber notificações em tempo real?