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Coaf estranha transações de empresas suspeitas de fraude em contrato com indicado de Pazuello

Alvo da CPI, coronel assinou contratos milionários do Ministério da Saúde no Rio

atualizado

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Ministério da Saúde com operários limpando letreiro
1 de 1 Ministério da Saúde com operários limpando letreiro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A Lled e a SP Serviços, empresas que assinaram contratos suspeitos de R$ 28,9 milhões para obras sem licitação com o Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, tiveram movimentações financeiras atípicas, segundo relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviados em sigilo à CPI da Pandemia e obtidos pela coluna.

Esses contratos suspeitos de fraude, atualmente anulados, foram assinados em novembro de 2020 pelo coronel George Divério, então superintendente da pasta no Rio. Nomeado pelo general e ex-ministro Eduardo Pazuello, Divério também é alvo da comissão do Senado.

A SP Serviços foi contratada por R$ 19,9 milhões para reformar a sede da superintendência. A Lled Soluções em Engenharia, por sua vez, faria obras em galpões do órgão.

O Coaf afirmou à CPI que identificou ao menos dois pagamentos à Lled feitos pelo Fundo de Saúde do governo do Rio de Janeiro “com envio imediato, de valores expressivos, sem causa aparente” para contas da Lled.

No dia 10 de dezembro, foram creditados R$ 165.002,14 na conta da empresa que, no mesmo dia, efetuou um depósito de R$ 165.000 por meio de uma transferência bancária para uma conta de mesma titularidade.

O procedimento se repetiu em 28 de dezembro de 2020, quando o Fundo de Saúde do Rio repassou R$ 811.183,72 para a Lled, que, no mesmo dia, fez um depósito via transferência de R$ 500.000 para uma conta com o mesmo titular.

O Coaf destaca que não é possível “desconsiderar que houve movimentações atípicas de recursos por pessoa natural ou jurídica relacionadas a licitações e que, após o recebimento de recursos dos órgãos públicos, houve envio imediato para conta de mesma titularidade, dificultando a identificação do destino dos recursos”.

De junho de 2016 a maio de 2021, a Lled movimentou R$ 3,1 milhões. A Lled é propriedade de Fabio de Rezende Tonassi e Celso Fernandes de Mattos. A dupla protagonizou um escândalo quando fornecia materiais de informática para a Aeronáutica, em 2007, por meio da empresa Cefa-3. A firma foi condenada e impedida de fechar contratos públicos até 2022, mas os sócios fundaram a Lled e seguiram com a prestação de serviços para o Ministério da Defesa e a Aeronáutica.

Segundo o Coaf, a empresa vinha registrando movimentações financeiras atípicas há tempos, antes do contrato milionário durante a pandemia.

Em dezembro de 2019, foram feitas operações de crédito que superaram em R$ 1.363.709,78 a capacidade declarada pela companhia. Entre os valores recebidos estão R$ 361.682,65 vindos do Grupamento de Apoio de São José dos Campos, em 24 de dezembro de 2019, e R$ 53.548,74 oriundos do Comando Brigada Infantaria Paraquedista, no dia 20 de dezembro de 2019.

Os sócios da Lled também fizeram pagamentos vultosos em espécie ao menos três vezes. No dia 17 de abril de 2019, Tonassi depositou R$ 50.000 na conta da empresa. Nos dias 5 e 7 de fevereiro de 2020, Mattos aplicou R$ 129.900 e R$ 60.000, respectivamente, na conta da Lled.

O Coaf também enviou à CPI dados de movimentações financeiras atípicas da SP Serviços e Locação, a outra empresa envolvida no caso e contratada por R$ 19,9 milhões pelo ministério. O sócio-administrador da companhia é Jean dos Santos Oliveira. A única sócia é sua mãe, Leneir dos Santos Oliveira.

Segundo o relatório, Jean fez movimentações financeiras incompatíveis com sua capacidade declarada. De março de 2020 a julho de 2021, movimentou R$ 2,6 milhões.

O dono da SP realizou depósitos de dinheiro vivo “com indício de burla”. Isso porque, de acordo com o Coaf, esses depósitos aconteceram em terminais de autoatendimento em regiões de extração mineral no Rio, onde fica mais difícil identificar a origem desses recursos.

Outro ponto que chamou a atenção do órgão de combate a lavagem de dinheiro: Jean resistiu a prestar informações para atualizar seu cadastro, e enviou dados que demandavam uma verificação trabalhosa. O empresário também se recusou a explicar ao Coaf por que usa a sua conta pessoal para movimentar recursos da SP.

A mãe de Jean, Leneir dos Santos Oliveira, movimentou R$ 157 mil de fevereiro de 2020 a julho de 2021. O relatório considerou que os saques de dinheiro vivo dificultam a identificação do destino final desses recursos.

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