Clínicas de diálise temem não receber o suficiente para piso da enfermagem
As clínicas de diálise calculam em R$ 650 milhões o impacto do piso da enfermagem
atualizado
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As clínicas de diálise privadas prestadoras de serviços ao Sistema Único de Saúde estão endividadas e esperam um reajuste da Tabela SUS para esse ano. Mas com a destinação de recursos para custear o novo piso da enfermagem há um temor de que o reajuste não ocorra e a situação se agrave ainda mais, levando ao fechamento definitivo de dezenas ou centenas delas.
De acordo com a nova portaria 597 do Ministério da Saúde, há R$ 7,3 bilhões para que, além das clínicas e entidades filantrópicas, municípios e estados custeiem localmente o novo piso da enfermagem. Entidades setoriais alegam que o valor é insuficiente e mal calculado.
Já o ministro Luís Roberto Barroso do Supremo, em sua decisão na semana passada, afirmou que “as clínicas só terão que pagar o que receberem da União”. Ou seja: há uma grande insegurança no setor.
O presidente da Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), Yussif Ali Mere Júnior, calcula em R$ 650 milhões, em média, o impacto do aumento do piso da enfermagem nas cerca de 800 clínicas privadas que prestam serviços aos SUS no atendimento ao paciente renal crônico. São quase 150 mil pessoas nessa condição em todo país.
Agora, as clínicas vão ter que procurar cada gestor municipal ou estadual para informar seus custos com pessoal e saber se de fato vão poder remunerar os funcionários e receber por isso.
A Tabela SUS da Diálise está, segundo a entidade, defasada em 40%. Ou seja, a cada R$ 100 empregados pelas clínicas para custear o tratamento de diálise dos renais, são reembolsados em apenas R$ 60. Cerca de 40 clínicas já encerraram as atividades no Brasil nos últimos cinco anos.