CFM aciona PF por mensagens pedindo voto a chapa “anti-Lula”
Eleições para nova cúpula do Conselho Federal de Medicina (CFM) serão no início de agosto; CFM pede que PF investigue mensagens
atualizado
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O Conselho Federal de Medicina (CFM) acionou a Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (23/7) para investigar disparos de mensagens pedindo votos para uma chapa “anti-Lula” na eleição da entidade. As eleições virtuais para os próximos cinco anos de mandato do CFM serão em 6 e 7 de agosto.
Médicos de São Paulo têm relatado o recebimento de uma mensagem de texto, enviada do número “27989”, aparentando uma central de disparos, pedindo voto na “única chapa” anti-Lula: “Conselho Federal de Medicina 2024: Chapas de SP que votaram no L(13): 1, 3 e 4. Única chapa anti-(L 13): chapa 2. Apoie chapa 2: dias 06/07 agosto”.
A coluna enviou a mensagem ao CFM e questionou a entidade. O conselho respondeu que denunciou o caso à PF para “investigação e punição dos responsáveis”. Afirmou ainda que não compartilha dados de médicos ou encaminha qualquer material de apoio a candidatos ou chapas. “O CFM tem realizado todos os esforços com o objetivo de oferecer ambiente seguro e transparente durante o processo eleitoral”, afirmou.
Daqui a duas semanas, médicos de todo o país vão escolher 54 conselheiros federais para a entidade. Cada estado elegerá um conselheiro titular e um suplente. O mandato vai até 2029. Todos os médicos com o cadastro atualizado nos conselhos profissionais podem votar. O CFM contabiliza cerca de 600 mil médicos no Brasil.
No início de janeiro, a coluna mostrou que o CFM lançou uma pesquisa enviesada contra a vacina infantil de Covid junto aos médicos brasileiros. A entidade questionou se os pais de uma criança de até 5 anos de idade têm o direito de não vaciná-la contra a doença.
O CFM teve uma postura abertamente negacionista durante a pandemia, alinhada ao governo Bolsonaro. Publicou um parecer pró-cloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz contra a doença que matou 700 mil brasileiros. A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu uma “forte recomendação” contra o uso da substância nesse tratamento. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) jamais aprovou a cloroquina para esse fim.