Certezas atrapalham o diálogo, explica psicanalista Elisama Santos
“Estamos cada vez menos tolerantes ao que é diferente de nós”, diz psicanalista e escritora Elisama Santos; assista à entrevista
atualizado
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Conhecida por seus livros sobre educação sem violência e sem gritos, a psicanalista e escritora Elisama Santos lançou agora um título que fala do que talvez esteja por trás dessa maneira de criar filhos, o diálogo. Em “Vamos conversar: um pequeno antimanual de comunicação não violenta para a vida real” (Paz e Terra), Elisama apresenta ferramentas da comunicação não violenta para ajudar os leitores a se arriscarem em algo que hoje pode parecer extremamente perigoso: conversar com quem pensa diferente.
Em entrevista à coluna, Elisama explica que o verdadeiro diálogo passa por uma escuta ativa não só de seu interlocutor, mas também própria. Conhecer seus limites, suas intenções em cada comunicação, apostar na clareza, escutar tentando se despir de pré-conceitos.
“Quanto mais certeza eu tenho, mais rígida fico, menos me abro para descobrir o algo novo. E não é só sobre a escuta do outro, mas também a escuta de si. O outro é a segunda parte dessa conversa. A primeira é com a gente mesmo”, defendeu.
Transformações dos últimos anos tornaram ainda mais urgente falar em diálogo.
“Não aprendemos a dialogar. Não aprendemos a confiar na conversa. Crescemos ouvindo que o diálogo so funciona até a página dois. ‘Com você, não adianta conversar’. Com o surgimento da rede social, isso piorou. O algoritmo mostra para a gente apenas o que a gente concorda, só o que vai nos prender mais tempo ali. Se a gente coloca nesse caldo a pandemia, em que não fomos obrigados a conviver com mais ninguém, porque não saíamos de casa, a nossa capacidade de conviver com o diferente de nós está cada vez mais reduzida. Estamos cada vez menos tolerantes ao que é diferente de nós”, explicou.
Assista à íntegra da entrevista abaixo.