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Cem dias depois, indulto de Bolsonaro a Daniel Silveira segue inócuo

Apesar de perdão decretado por Jair Bolsonaro, deputado Daniel Silveira segue obrigado a usar tornozeleira e com dívida de R$ 1 milhão

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Jair Bolsonaro e Daniel Silveira com indulto
1 de 1 Jair Bolsonaro e Daniel Silveira com indulto - Foto: Anderson Riedel/PR

Cem dias depois de Jair Bolsonaro assinar indulto para perdoar a pena do deputado Daniel Silveira, a medida não cumpriu seu objetivo. Silveira segue obrigado a usar tornozeleira eletrônica, deve cerca de R$ 1 milhão à Justiça e está proibido de usar redes sociais.

O bolsonarista foi agraciado com o perdão presidencial em 21 de abril. O decreto assinado por Bolsonaro cita que a graça vale também para multas e restrições de direitos. Na véspera, Silveira havia sido condenado pelo STF a 8 anos e 9 meses de prisão, por um placar amplo: 10 votos a 1. Silveira foi considerado culpado por estimular atos antidemocráticos e atacar ministros do tribunal e instituições, a exemplo do próprio Supremo.

Seis dias depois, Bolsonaro fez no Planalto o que chamou de “ato cívico pela liberdade de expressão”, evento oficial com diversos ataques às eleições e ao STF. A estrela do ato foi Silveira, que posou com o presidente segurando, em uma moldura, o indulto em seu benefício. A partir daí, contudo, o indulto se mostraria inócuo.

Silveira acumulou derrotas no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator de seu processo. Duas semanas após o indulto de Bolsonaro, em 3 de maio, Moraes aplicou multa de R$ 405 mil e mandou quebrar o sigilo bancário do deputado. As multas se repetiram em maio e em junho. Hoje, chegam a R$ 1 milhão.

Nesse período de 100 dias, a defesa de Daniel Silveira apresentou pelo menos oito recursos a Moraes, sem sucesso. O ministro tampouco acolheu um pedido da PGR em junho, quando o órgão defendeu a extinção da pena e a revogação das medidas cautelares contra o deputado, como consequência do indulto de Bolsonaro.

Em um dos recursos, a advogada de Silveira, Mariane Andréia Cardoso, chamou a atenção do ministro: “Juiz não faz o que quer. Juiz deve aplicar o que determinam as normas legais”.

O indulto foi citado em diversos documentos protocolados pela advogada. O próprio Daniel Silveira mencionou o perdão de Bolsonaro para se recusar a receber uma intimação do STF na Câmara. “Não vai mais usar tornozeleira, pois está cumprindo o decreto do presidente da República”, anotou uma oficial de Justiça do Supremo no início de maio.

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A relação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, com o presidente Jair Bolsonaro é, de longe, uma das mais tumultuadas do cenário político brasileiro
No capítulo mais acalorado, no último 7 de Setembro, o presidente chamou o ministro de “canalha” e ameaçou afastá-lo do cargo
O motivo? Moraes expediu ordem de busca e apreensão contra bolsonaristas e bloqueou contas bancárias de entidades suspeitas de financiar atos contra o STF
“Sai, Alexandre de Moraes, deixe de ser canalha, deixe de oprimir o povo brasileiro”, disse o presidente diante de uma multidão
Meses antes, em fevereiro, Moraes havia mandado prender o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), aliado do presidente
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Daniel Ferreira/Metrópoles
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A relação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, com o presidente Jair Bolsonaro é, de longe, uma das mais tumultuadas do cenário político brasileiro

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No capítulo mais acalorado, no último 7 de Setembro, o presidente chamou o ministro de “canalha” e ameaçou afastá-lo do cargo

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O motivo? Moraes expediu ordem de busca e apreensão contra bolsonaristas e bloqueou contas bancárias de entidades suspeitas de financiar atos contra o STF

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“Sai, Alexandre de Moraes, deixe de ser canalha, deixe de oprimir o povo brasileiro”, disse o presidente diante de uma multidão

Fábio Vieira
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Meses antes, em fevereiro, Moraes havia mandado prender o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), aliado do presidente

Aline Massuca
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Moraes também é relator de inquéritos em que o presidente e vários de seus aliados aparecem como investigados

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O mais recente é o que investiga Bolsonaro por associar as vacinas contra a Covid-19 com a contração do vírus HIV, causador da aids

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O inquérito motivou o início de mais um round entre os dois

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“Tudo tem um limite. Eu jogo dentro das quatro linhas, e quem for jogar fora das quatro linhas não vai ter o beneplácito da lei. Se quiser jogar fora das quatro linhas, eu jogo também”, disse o presidente

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