Cedae fez contratos milionários sem licitação com empresas citadas em esquemas de corrupção
Algumas das empresas têm ligação com políticos do estado
atualizado
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Privatizada no começo do ano, a companhia de água do Rio, a Cedae, fechou contratos milionários sem licitação com empresas citadas no suposto esquema de corrupção que derrubou Wilson Witzel. Outras dessas empresas têm ligação com políticos do estado.
A Crater Engenharia, citada no esquema de corrupção da Saúde no governo Witzel, tem pelo menos três contratos com a Cedae, entre 2019 e 2020, que juntos somam R$ 51,4 milhões. A empresa foi contratada com dispensa de licitação, tanto pela Cedae, quanto pelo governo do Rio de Janeiro.
O proprietário da Crater, Pedro Osório, foi citado na delação premiada do ex-secretário da Saúde do Rio de Janeiro, Edmar Torres, como um dos principais articuladores para o sucesso de contratos superfaturados nas prefeituras.
Ligada a José Carlos de Melo, ex-reitor da Universidade de Nova Iguaçu e um dos cabeças do esquema de corrupção, a Empresa Fluminense de Serviços Eireli, City Works Ambiental como nome fantasia, também foi contratada sem licitação e recebeu R$ 91.037.203 em contratos diretos com a Cedae entre 2019 e 2020.
O proprietário da empresa, Pedro Mário Nardelli, também foi citado na delação do ex-secretário da Saúde. Segundo Torres, Nardelli é amigo de José Carlos de Melo, a quem o ex-secretário atribui ter arranjado o primeiro e milionário contrato sem licitação, para tratar do caso da geosmina, que foi a alteração do cheiro e do gosto da água do Rio de Janeiro devido à bactérias na água.
Outra empresa que tem contratos milionários feitos de forma direta com a Cedae é a Construverde Rio, do candidato a deputado federal em 2018 e a vereador da cidade do Rio de Janeiro em 2020 Joaquim Rodrigues. A Construverde tem sete contratos entre 2019 e 2021 que juntos somam R$ 71,9 milhões.
A última tentativa de candidatura do empresário contou com apoio de deputados federais ligados ao presidente Bolsonaro, como Carlos Jordy e Major Fabiana, e do próprio Bolsonaro.
A empresa de Rodrigues não tinha habilitação para a distribuição de água potável, serviço pelo qual foi contratada sem licitação em abril de 2020 por R$ 2,2 milhões. A atividade só foi incluída na Junta Comercial do Rio de Janeiro como escopo da empresa no dia 4 de abril, um dia depois da assinatura do contrato com a Cedae.
Questionada pela coluna sobre os contratos, a Cedae informou que a dispensa de licitação ocorreu porque os contratos foram emergenciais, mas afirmou que a escolha das empresas seguiu o Regulamento Interno de Licitações e Contratos da Companhia.
“A Cedae escolhe fornecedores que apresentam proposta mais vantajosa observando princípios da impessoalidade e da igualdade com comprovada qualificação jurídica, técnica e econômica”, alegou a Companhia.
À coluna, a Construverde Rio disse que atua no ramo de transportes desde 2014, e defendeu que sempre teve plena capacidade de executar os serviços de transporte de água.
A City Works Ambiental e a Cráter Engenhaeria não responderam à coluna. O espaço está aberto para manifestações.