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Candidato de Bolsonaro em Curitiba obtém na Justiça censura a jornal

Eduardo Pimentel conseguiu na Justiça eleitoral do Paraná a censura do jornal Plural por noticiar coação a servidores da prefeitura

atualizado

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Eduardo Pimentel, candidato à Prefeitura de Curitiba
1 de 1 Eduardo Pimentel, candidato à Prefeitura de Curitiba - Foto: Divulgação

O candidato de Jair Bolsonaro em Curitiba, Eduardo Pimentel, conseguiu na Justiça eleitoral do Paraná, nesta quinta-feira (3/10) a censura do jornal Plural por denunciar a coação de servidores da prefeitura para doar para sua campanha. O caso foi revelado na última terça-feira pela coluna, e repercutido pelo jornal Plural.

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná acatou a alegação da campanha de Pimentel de que o jornal estaria divulgando fake news na semana da eleição. O veículo local, entretanto, apenas reproduziu os fatos revelados pela coluna, comprovados com o áudio da reunião em que houve a coação. Inclusive, a Prefeitura de Curitiba demitiu o responsável pela coação.

A Justiça eleitoral determinou que todas as publicações do Plural sobre o tema sejam apagadas sob multa diária de R$ 5 mil. Caso o jornal publique qualquer reportagem sobre o tema, o TRE do Paraná afirma que a multa será de R$ 10 mil.

Servidores da Prefeitura de Curitiba foram coagidos a doar para a campanha de Pimentel, do PSD, segundo um áudio obtido e revelado pela coluna. O superintendente de Tecnologia da Informação da prefeitura, Antônio Carlos Pires Rebello, informou aos servidores que eles teriam que comprar convites de R$ 3 mil para um jantar da campanha, que aconteceu no dia 3 de setembro. As transferências, segundo o áudio, deveriam ser para o Pix do PSD. O funcionário foi exonerado na terça-feira (1/3).

Rebello orientou que os servidores fizessem o repasse por contas bancárias de parentes ou amigos próximos, para que não fossem identificados. O superintendente de Tecnologia da Informação disse ainda que o esquema era “ajuda para a campanha” e que seria “melhor do que fazer caixa 2”. O funcionário ainda alegou que o repasse não seria ilegal, mas foi questionado por servidores.

Os convites, segundo o áudio, tinham valores diferentes de acordo com os níveis de gratificação dos servidores. Na gravação, Rebello citou três “preços”: R$ 3.000, R$ 1.500 e R$ 750.

Os servidores questionaram o superintendente de Tecnologia se “comprar o convite” garantiria o cargo e a função gratificada, caso Pimentel seja eleito. Rebello respondeu que nada seria garantido, mas que “ajuda a continuar”.

Em um dado momento da reunião, um servidor disse que não pagaria o montante. O servidor disse, aos prantos, que não dispunha de valores como aquele. O superintendente de Tecnologia da prefeitura, responsável pela coação, disse, então, que todos tinham problemas e que não iria mais discutir com o servidor porque senão iria “demiti-lo”.

A prefeitura de Curitiba negou que a campanha Pimentel tenha coagido os servidores a doar e disse que Rebello agiu por conta própria.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo criticou a decisão.

“É lamentável que a coligação tenha buscado o Judiciário e ainda mais que tenha encontrado respaldo na magistratura. No período eleitoral é justamente quando a população precisa ser mais informada. O projeto Ctrl X, da Abraji, mostra claramente que os pedidos judiciais de remoção de conteúdo disparam neste momento, impulsionados por políticos que se sentem desconfortáveis com publicações. No caso recente de Curitiba, ao que tudo indica, todas as informações são verdadeiras e ensejam profunda investigação, inclusive para apurar outras implicações. Esperamos que essa decisão judicial seja revogada o mais breve possível”, comenta Katia Brembatti, presidente da Abraji.

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