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Briga no União: Rueda diz à polícia que Bivar ameaçou sua família

Recém-eleito presidente do União, Rueda foi à polícia do DF acusar Bivar de ameaças; caso chegou ao STF

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O presidente recém-eleito do União Brasil, Antônio Rueda, e o atual presidente do partido, deputado Luciano Bivar
1 de 1 O presidente recém-eleito do União Brasil, Antônio Rueda, e o atual presidente do partido, deputado Luciano Bivar - Foto: Divulgação

Nascido em 2021 da fusão entre o DEM, tradicional partido cujas origens remontam à Arena, legenda que dava sustentação política à ditadura militar, e o PSL, “novo-rico” da selva partidária brasileira que elegeu Jair Bolsonaro e uma numerosa bancada de deputados em 2018, o União Brasil está em pé de guerra.

O conflito interno pelo poder no partido opõe o atual presidente do União, Luciano Bivar, e seu outrora aliado Antônio Rueda, presidente recém-eleito da legenda, cuja posse se prevê para maio. A renhida briga política entre eles virou caso de polícia: Rueda acusa Bivar de ameaçar de morte ele e uma pessoa de sua família, cuja identidade a coluna vai preservar. Bivar negou ter feito ameaças e disse que as evidências são “fake”.

Rueda apresentou, em 28/2, uma representação criminal contra Bivar à Delegacia Especial de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil do Distrito Federal, pedindo que ele seja investigado por suposto crime de ameaça. Em razão do foro privilegiado de Bivar, que é deputado federal, a polícia pediu ao STF na terça-feira (5/3) autorização para abertura de investigação contra ele. A coluna teve acesso ao caso, que tramita em segredo de Justiça no Supremo.

A acusação de Antônio Rueda de que Luciano Bivar ameaçou de morte ele e uma pessoa de sua família tem como principal evidência um vídeo de pouco mais de 30 segundos. Segundo a queixa, as imagens mostram uma conversa de Rueda com Bivar ao telefone, por volta das 23h do dia 26/2. No breve trecho anexado ao processo, uma voz, que seria de Bivar, diz a Rueda que “acabaria” com esse familiar. O vídeo não mostra o contexto da conversa.

Segundo a queixa de Antônio Rueda à Polícia, Bivar falou com ele naquela noite por meio do telefone do deputado federal Marcelo Freitas, do União Brasil de Minas Gerais, que intermediou o contato. Na sequência do vídeo, gravado pela mulher de Rueda, Florinda, o vice-presidente do União Brasil disse ao deputado que esse era o motivo pelo qual vinha evitando falar com Bivar. Rueda afirmou então a Freitas que, diante da ameaça, procuraria a Polícia Federal no dia seguinte.

“Marcelo, deixa eu te falar. Cara, tu tá vendo por que eu não queria falar? Eu vou para a Polícia Federal amanhã, vai ser um caco de c*. Ameaçar (…), que vai atrás (…)? Marcelo, fica aí, tu conseguiu tudo que tu queria, irmão. Eu evitei falar com Luciano para evitar isso, tá entendendo? Meu irmão, tu presta atenção onde tu se meteu, Marcelo, porque eu disse a tu desde o começo…”, disse Rueda, até o vídeo ser interrompido.

Marcelo Freitas, que parece concordar com Antônio Rueda na reprovação às ameaças, não aparece na gravação dizendo mais do que breves palavras, interrompidas por Rueda.

O deputado foi arrolado como testemunha pelos advogados de Rueda, assim como o deputado federal Carlos Busato, do União do Rio Grande do Sul, que também estaria junto de Bivar no momento da suposta ameaça.

A notícia-crime de Antônio Rueda à Polícia Civil do Distrito Federal afirmou que ele e a pessoa de sua família que foi ameaçada têm evitado sair à rua ou viajar sem a escolta de seguranças. A representação criminal foi enviada ao STF pelo delegado Giancarlos Zuliani, que pediu autorização para abertura de investigação contra Bivar por suposto crime de ameaça. A solicitação foi distribuída ao ministro Kassio Nunes Marques nessa quarta-feira (6/3).

Luciano Bivar negou à coluna que tenha ameaçado Rueda e a pessoa de sua família.

“Eu não falei nada disso. Houve uma agressão dele sobre mim, que eu revidei. Não lembro, porque eu não faço gravação de ninguém. De jeito nenhum. Isso tudo é montagem, é uma gravação dele, suscetível a uma série de coisas”, afirmou.

“Tudo que fala é fake, umas coisas que eu não sei, eu não gravei nada. Ele fez uma série de agressões, eu também agredi ele, mas não sei em que tempo e que intensidade. Se ele picotou a gravação, é outra coisa”, declarou.

Procurado pela coluna, Antônio Rueda não comentou a queixa contra Luciano Bivar.

A coluna buscou contato com os deputados Marcelo Freitas e Carlos Busato, mas não teve retornos. O espaço segue aberto a manifestações.

Queixa cita conversa de Bivar e Milton Leite

No dia 29/2, dia seguinte à apresentação da representação criminal à Polícia, o advogado de Rueda, Paulo Catta Preta, complementou as acusações contra Luciano Bivar. Conforme a ação, depois de ter tido a tentativa de barrar a eleição no União Brasil frustrada, Bivar fez outra ameaça.

Ela ocorreu, segundo a queixa, em uma conversa entre Bivar e o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite, na sede do partido. No diálogo, o deputado teria dito a Leite que disporia de R$ 20 milhões de reais, “que pretendia gastar para ceifar vida de Antônio Rueda, e qual não passaria de hoje ou amanhã”.

A representação também cita como intimidações de Bivar a Rueda a coletiva de imprensa em que o presidente do União Brasil prometeu apresentar denúncias contra o vice; um discurso de Bivar antes da votação no partido, em que se disse traído por “inimigos”; e a retirada do uso de um carro blindado do partido por Rueda.

Luciano Bivar negou ter tido a conversa com o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite, citada na queixa. “Isso tudo é narrativa mentirosa. Não foi nada disso, isso não aconteceu”.

Procurado pela coluna, Milton Leite não quis se pronunciar.

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