Braga Netto cita pracinhas e esquece que ditadura também os torturou
Ditadura militar perseguiu 6.591 militares, inclusive nomes famosos da Força Expedicionária Brasileira, que combateram na 2ª Guerra Mundial
atualizado
Compartilhar notícia
O ministro da Defesa, Braga Netto, citou os pracinhas que combateram na Segunda Guerra Mundial na sua ordem do dia alusiva ao golpe militar de 1964, mas esquece que a ditadura também os perseguiu.
“A população brasileira rechaçou os ideais antidemocráticos da Intentona Comunista, em 1935, e as forças nazifascistas foram vencidas na Segunda Guerra Mundial, em 1945, com a relevante participação e o sacrifício de vidas de marinheiros, de soldados e de aviadores brasileiros nos campos de batalha do Atlântico e na Europa”, diz o discurso de Braga Netto.
A fala não faz alusão ao caso do brigadeiro Rui Moreira Lima, que foi deposto, aposentado compulsoriamente e teve sua família perseguida por se opor ao golpe militar de 1964. Moreira Lima foi um herói da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial e chegou a escrever um livro sobre o assunto.
Outro caso ignorado por Braga Netto foi o do brigadeiro Francisco Teixeira. O aviador participou de patrulhas no Nordeste brasileiro, protegendo embarcações dos ataques de submarinos alemães e italianos. Com o golpe militar, foi preso e ficou incomunicável por 50 dias. Terminou sendo expulso das Forças Armadas.
De acordo com a Comissão Nacional da Verdade, 6.591 militares foram presos, perseguidos ou torturados pela ditadura. A repressão aos militares começou junto com o golpe. Os integrantes das Forças Armadas que se opunham à tomada a força do poder foram perseguidos e afastados.