“Bolsonaro tem meu voto”, diz filha de Jefferson mesmo após “bandido”
Filha de Roberto Jefferson, Cristiane Brasil minimizou fato de Bolsonaro se referir a seu pai como “bandido” após episódio com policiais
atualizado
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Filha de Roberto Jefferson, Cristiane Brasil minimizou o fato de Bolsonaro se referir a seu pai como “bandido” após o político do PTB arremessar granada de efeito moral contra policiais federais que cumpriam ordem de prisão.
De acordo com a ex-deputada federal, há menos de uma semana da eleição, Bolsonaro “entende o momento político” e busca distensionar com os Poderes.
Como avalia a atitude que seu pai teve, de atacar policiais que cumpriam decisão judicial para prendê-lo?
Sempre que meu pai exagera nos adjetivos que usa pra se referir a A, B ou C, eu não sou favorável. Sempre acho que ele tem razão no que coloca, mas perde a razão quando parte para os adjetivos. Ives Gandra faz isso muito bem, pois foca apenas na argumentação técnica. O que Cármen Lúcia fez foi confissão de crime. Agiu comissivamente contra a Constituição ao permitir que fosse aprovada resolução do TSE que dá poderes de polícia aumentada ao Xandão, ao permitir censura prévia. Como que eu, agora, estou censurada nas minhas redes sociais. O que fiz de errado?
Emprestar a sua rede social para que seu pai, em prisão domiciliar, gravasse mensagens. Foi esse um dos argumentos da Justiça para justificar que seu pai descumpria as restrições impostas pelo regime domiciliar.
Então ele é que é o agente que estaria infringindo. E por ser [uma determinação] ilegal. Imoral e ilegal. Aí eu fico sem redes sociais por um vídeo que um monte de gente postou. Não é excessivo esse poder? Os autos do processo do meu pai… Lindôra foi ignorada quando disse ao Moraes que ele tinha que baixar os autos para a primeira instância, pois não seria competência do STF. Meu pai é um preso político que está com o processo dele no limbo, ao bel-prazer de um tirano que está dando ordens ilegais. Os agentes que foram na porta do meu pai são da Gestapo pessoal do Xandão. Não são da Polícia Federal. São burocratas que, como vários aduladores de Hitler, cumpriam ordens imorais, ilegais. Outro ponto importante: um agente de nome Daniel, quando meu pai disse que não ia se entregar, deu oito tiros na direção do meu pai. Isso não foi levado em conta. Vou demonstrar que o policial Daniel desferiu oito tiros, primeiro, no meu pai, e afirmou que deveria entrar ali e encher o meu pai de porrada. Tenho áudio desse Daniel dizendo que tinha que quebrar a cara do meu pai de porrada. Meu pai desferiu tiros contra o carro da viatura da polícia quando estava vazia, não contra os policiais. Na cabeça do meu pai, uma forma de ele demonstrar a revolta dele. Ele tá preso há 1 ano e 2 meses.
Os policiais cumpriam ordens judiciais. O próprio Bolsonaro disse que determinou ao ministro da Justiça, Anderson Torres, que enviasse a PF à casa de Jefferson.
Bolsonaro falou uma coisa e, depois, outra. Pelo que sei, entraram em contato com pessoas próximas do meu pai, dizendo que o ministro [Torres] iria sim fazer mediação para tomar pé da situação. Então não tinha definição se meu pai estava fazendo certo ou errado. Entendo o momento político dele [Bolsonaro]. Faltando uma semana pra eleição, ele quer tirar a tensão com os Poderes. Entendido.
Avalia que o seu pai agiu de forma errada ao atacar os policiais?
Depois de levar oito tiros dentro da casa dele? Uma polícia Gestapo indo prender meu pai sem poder, pois meu pai não está na jurisdição do Supremo. Trata-se de um procedimento ilegal. Sou eu que vou julgar uma atitude de fúria do meu pai como errada? Não vou. Meu pai não tem sangue de barata diante da injustiça. Meu pai é exímio atirador, pode ter certeza de que ele não mirou em nenhum policial, em nenhum momento, pois onde ele atira, ele acerta. E ordem ilegal não se cumpre. Mandaram no domingo, quando a Polícia Federal não vai na casa de ninguém. Estamos tendo uma inversão de narrativa. O errado é o Xandão e a Cármen Lúcia. O que meu pai fez? Xingou a Cármen Lúcia e o Xandão, que, a pedido de senadores que ditam ordens, vão lá e prendem meu pai.
Bolsonaro chamou seu pai de “bandido” após o ataque aos policiais. Como avalia a declaração do presidente?
Acho que, no momento, Bolsonaro tem que ganhar a eleição. Independente de qualquer opinião que eu tenha em relação ao que disse, ele tem que ganhar a eleição. O mal que Lula e o PT farão voltando ao poder é incomensurável para o país. Depois da eleição, eu falo sobre essa declaração do Bolsonaro. Ele tem o meu voto. Vou votar nele e peço o voto nele. Mas isso não quer dizer que a declaração passou despercebida.
Não teme que o ataque do seu pai a policiais federais afaste simpatizantes que…
Ataque? Foi uma granada de efeito moral.
Dois policiais ficaram feridos…
Por estilhaços. E se o policial tivesse acertado e matado meu pai? Ele estava na casa dele. Da mesma forma, Eichmann matou judeus cumprindo ordens ilegais do Hitler.
Voltando à pergunta, não teme que a atitude do seu pai afaste simpatizantes que até então o apoiavam?
Espero que os brasileiros entendam que o rompimento constitucional não partiu do meu pai. O que levou meu pai a isso é que não tem mais como cumprir ordens de tirano que se considera acima do bem e do mal. Que quer punir aqueles que querem eleger Lula a todo custo. Vejo muitas pessoas, muitos bolsonaristas apoiando meu pai, inclusive Allan dos Santos, Paulo Figueiredo.
Aliados de Bolsonaro dizem que, caso reeleito, ele tentará emplacar o impeachment de ministros do STF e modificar a estrutura do Supremo. Você já ouviu isso dele?
Para mim não falou. Mas ouço de pessoas próximas dele, sim. Corre à boca pequena que isso vai acontecer. Não encontro Bolsonaro há muito tempo. Mas tem meu apoio se for fazer. O Judiciário precisa passar por limpeza, como aconteceu nos outros dois Poderes. Além do Moraes, Cármen Lúcia também deveria passar por impeachment.
A PF encontrou um arsenal na casa do seu pai…
Meu pai tem arma desde que nasci. Nasci e cresci com arma. Nunca foi um problema para nós. Todos atiramos muito bem.
Ele não declarou armamento, como a granada, à Justiça Eleitoral.
Não estou sabendo disso… Acabou que ele não foi candidato. Ele não estava com armamento na hora da declaração à Justiça. Aí, depois, deixou de ser candidato e deixou de ter obrigação de declarar.
Então ele adquiriu a granada já esperando ser alvo da Justiça?
Devem ter oferecido a ele, e ele aceitou. Creio que ele não esperava usar contra policiais.