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Bolsonaro suaviza após aparente ataque ao STF: “Não falo em Supremo”

Em entrevista à coluna, o ex-presidente Jair Bolsonaro minimizou sugestão de “guilhotina” a Moraes e disse não atacar STF

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Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Mateus Bonomi/Anadolu via Getty Images

Jair Bolsonaro suavizou o tom após aparentes ataques ao Supremo Tribunal Federal nesta quinta-feira (25/7), em Caxias do Sul (RS). Em entrevista à coluna por telefone, o ex-presidente disse que não menciona o Supremo em seus discursos e só “bate” em Lula.

O episódio de hoje foi percebido por alguns ministros do STF como uma volta de Bolsonaro ao modo de guerra na relação com o tribunal. O ex-presidente foi indiciado pela Polícia Federal em diferentes crimes, nos inquéritos da fraude do cartão de vacina e da suposta apropriação indevida de presentes de luxo, e uma eventual denúncia terá que ser analisada pelo STF.

Mais cedo, Bolsonaro havia dito em um evento com apoiadores que Lula “pessoalmente” retirou seus dois carros blindados. Ex-presidentes, porém, não têm direito a esses veículos. Nessa mesma fala, também se queixou de ter perdido assessores por medidas cautelares, numa referência aos auxiliares que, por determinação de Alexandre de Moraes, estão proibidos de se comunicar com ele, por também serem investigados no inquérito que apura a tentativa de golpe durante seu governo.

Disse Bolsonaro mais cedo:

“Vocês estão acompanhando nas redes sociais o que aconteceu naquela tentativa de assassinato de Donald Trump. O Serviço Secreto foi negligente. Quando eu retornei ao Brasil, pela Presidência tinha direito a dois carros blindados, e Lula pessoalmente me retirou esses dois carros blindados. Eu tenho direito a oito funcionários. Os quatro que trabalhavam na minha segurança, por medidas cautelares, me tiraram. Até mesmo meu filho, o 02 [Carlos Bolsonaro], teve seu porte de arma negado pela Polícia Federal. Eles querem facilitar. Eles não querem mais me prender. Eles querem que eu seja executado. Não posso pensar em outra coisa”, afirmou o ex-presidente em Caxias do Sul.

Na noite desta quinta-feira, Bolsonaro disse à coluna que, ao se referir a “eles” quererem executá-lo, fez alusão ao “sistema como um todo”, e não a Lula ou ao STF.

“Eu estava me referindo ao sistema como um todo. O sistema é uma coisa mais ampla. Sou um cara que importuna o sistema, querendo ou não”, afirmou.

Questionado sobre os ataques de aliados ao ministro do STF Alexandre de Moraes, relator de processos contra ele no tribunal, Bolsonaro disse que “não toca no assunto”.

“Não defendo prisão de Alexandre de Moraes. Nem toco no assunto. Você não vê a palavra ‘Supremo’ na minha boca em nenhuma dessas minhas andanças. Não bato em [Rodrigo] Pacheco, [Arthur] Lira, no STF. Só bato no Lula”, disse o ex-presidente, ressaltando que busca anistia para os condenados no STF pelos atos golpistas do 8 de Janeiro. “Luto por justiça e anistia pra esse pessoal.”

Bolsonaro também se disse impressionado com o que classificou de “multidão” em seus atos públicos recentes. Alegou sentir grande rejeição ao presidente Lula nas ruas.

“Lula está fodendo a gente. Taxou até roupinha da China e agora quer taxar o Pix”, disse Bolsonaro.

A cobrança do Pix para empresas pela Caixa, definida no fim do governo Bolsonaro, foi suspensa no ano passado a pedido de Lula. Não houve mudanças desde então.

Quando foi perguntado sobre a motivação de seus atos públicos, o ex-presidente respondeu que espera reconquistar seus direitos políticos e que quer ser candidato à Presidência em 2026. Bolsonaro está inelegível até 2030.

“Se eu puder me candidatar, eu ganho, tenho certeza disso”, afirmou Jair Bolsonaro.

“Aquilo não é guilhotina”

Também em Farroupilha, Bolsonaro presenciou ataques ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Ao lado do ex-presidente, o prefeito de Farroupilha (RS), Fabiano Feltrin, sugeriu, durante uma transmissão nas redes sociais, guilhotinar Moraes.

“É só botar na guilhotina, ó. Aqui a homenagem para ele”, disse Feltrin, depois de falar em Moraes, enquanto mexia não numa guilhotina, mas sim numa berlinda, antigo instrumento usado para prender escravos pela cabeça e pelo pescoço durante tortura.

Bolsonaro alegou que Feltrin não mostrou uma guilhotina. “Ele [Feltrin] usou um negócio para prender os caras, colocar os prisioneiros. Espero que não façam maldade com ele [Feltrin]”, disse, referindo-se a uma eventual abertura de investigação contra o prefeito em virtude de sua fala.

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metropoles.comGuilherme Amado

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