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“Bolsonaro é a favor da morte”, diz cantor gospel Kleber Lucas

Em entrevista à coluna, pastor Kleber Lucas criticou a cooptação da religião por Bolsonaro e afirmou que sofreu represálias por apoiar Lula

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Kleber Lucas
1 de 1 Kleber Lucas - Foto: Divulgação

O cantor evangélico Kleber Lucas, um dos maiores nomes da música gospel brasileira, decidiu participar da campanha de Lula para derrotar o bolsonarismo no Brasil. “Vou pedir para você Lular”, cantou Lucas com outros outros artistas no jingle que tenta combater a abstenção. Em entrevista à coluna, o pastor afirmou que Jair Bolsonaro não pode representar o povo cristão porque é “desprovido de misericórdia e a favor da morte”.

Pastor da Igreja Batista Soul, no Rio de Janeiro, e doutorando em História Comparada na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Kleber Lucas viaja pelo Brasil para pregar e cantar. O cantor afirmou que vê muitos evangélicos que são a favor de Lula, mas alegou que, na maioria dos altares, Jair Bolsonaro tomou o lugar de Jesus Cristo.

“O Senhor da grande maioria das igrejas, atualmente, é Jair Bolsonaro. Os pastores apresentam o presidente em seus altares como o Messias, o capitão do povo, como o Davi da Tribo de Israel, que está lutando contra outros modelos de governo, contra outras formas de pensar”, criticou o pastor.

Kleber Lucas afirmou também que foi alvo de críticas dentro de igrejas por discordar politicamente desta postura e, por isso, também perdeu amigos.

“Eles cantam minhas músicas, mas não me deixam entrar no templo”, disse.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

Como surgiu o convite de participar do novo jingle pró-Lula?

Há algumas semanas, a convite do Leonardo Gonçalves [cantor gospel], nós lançamos a música “Messias”, que mostra que nem todos os evangélicos seguem a ideologia desse governo e critica o uso político da religião. Depois do lançamento, o Caetano Veloso e a Paula Lavigne me convidaram para participar dessa nova música da campanha do ex-presidente Lula. A gente luta pelas mesmas causas, mas estávamos em trincheiras separadas. Eles me convidaram para dividir esse espaço com eles, o que foi maravilhoso. Por muito tempo a esquerda ignorou evangélicos progressistas.

Você sofreu algum tipo de crítica ou ataque por parte de cantores evangélicos, pastores e fiéis?

Eu perdi amigos, perdi membros da minha igreja local, onde eu sou pastor. Diziam que eu não podia me posicionar a favor do Lula, mas não criticavam os pastores que estavam em cima do altar defendendo uma política de ódio e que espalham mentiras. Eu decidi me posicionar porque, por ser uma pessoa conhecida, eu posso mostrar que nem todo evangélico vota no Bolsonaro e nesse projeto de poder dele que usa do fundamentalismo religioso. E hoje em dia muitos que me criticam cantam minhas músicas, mas não me deixam entrar no templo.

Como você vê o uso político da religião e o uso da política por religiosos?  

Tudo é fundamentado no discurso de dominação, manipulação. Lideranças com discursos de ódio e que não dialogam estão representando uma visão de dominação. De “nós contra eles”, de “a salvação está aqui”. Por trás desse fundamentalismo religioso, existem essas questões sociais e políticas que consentem a perseguição de ideologias e pessoas. O que se vê hoje é um projeto de poder de ambos os lados, de políticos e de pastores.

Por que, na sua visão, Bolsonaro não representa o cristianismo?

Porque ele é desprovido de misericórdia e compaixão pelo pobre, pelo desfavorecido. Ele é a favor da morte, esse negócio de arminha na mão não tem nada a ver com Jesus de Nazaré. A partir do momento em que ele faz apologia à morte, está completamente contrário ao princípio de Jesus, que é o Senhor da vida. O reino de Deus é mesa partilhada, Justiça para todos e comensalidade.

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metropoles.comGuilherme Amado

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