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Biografia detalha época em que João Cabral ficou afastado do Itamaraty

Remoção foi assinada por Getulio Vargas após reportagem de Carlos Lacerda indicar suposta colaboração de João Cabral com os comunistas

atualizado

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Portal Cultura PE/Divulgação
João Cabral de Melo Neto
1 de 1 João Cabral de Melo Neto - Foto: Portal Cultura PE/Divulgação

Na biografia que lançará em novembro pela editora Todavia, o professor Ivan Marques detalha um dos momentos mais conturbados de João Cabral de Melo Neto: quando o escritor e diplomata foi afastado pelo Itamaraty após ser acusado de trabalhar a favor dos comunistas.

O caso começou em 1952, quando a Tribuna da Imprensa, de Carlos Lacerda, publicou reportagem com carta de Melo ao vice-cônsul em Hamburgo. O jornal afirmava que o conteúdo seria a comprovação de que diplomatas brasileiros, inclusive o poeta, faziam parte de uma engrenagem internacional da União Soviética.

A repercussão da reportagem fez o Itamaraty abrir processo administrativo para investigar as acusações. Pouco depois, Getulio Vargas assinou a remoção do escritor do consulado para a Secretaria de Estado.

Com a denúncia, Neto desembarcou no Rio de Janeiro em agosto daquele ano, acompanhado da mulher e dos três filhos. Aflito e com medo de ser preso, dizia ter escrito a carta por brincadeira e que o conteúdo havia sido mal interpretado.

Enquanto sentia sua enxaqueca aumentar, assumiu um cargo na Divisão Cultural da Secretaria de Estado, mas foi colocado em disponibilidade inativa após Getulio acatar recomendação do Conselho de Segurança Nacional, que dizia que o poeta e outros (Antônio Houaiss entre eles) participavam de uma rede de agentes comunistas.

A notícia pegou o poeta em cheio, que teve de recorrer a outras ocupações para conseguir dinheiro, como a de jornalista e tradutor. Trabalhou no Última Hora e, por essas ironias da vida, foi ele quem escreveu o texto sobre o suicídio de Getulio, não assinado.

Na biografia, Marques conta como Neto se sentiu abandonado por Carlos Drummond de Andrade naquele período.

“(Neto) pensava que, por suas ligações com pessoas influentes, Drummond poderia ter feito alguma coisa em seu auxílio. Mas o que percebia, ao contrário, era uma atitude de abandono, da qual se ressentiria por muitos anos.”

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