O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, terá uma prova de fogo após participar da manifestação do dia 25, em defesa de Jair Bolsonaro, na Avenida Paulista. Sua ida ao ato provocará reações no núcleo bolsonarista raiz e no eleitorado de centro de São Paulo.

Aqueles que ainda sonham com uma candidatura de extrema-direita, como a do ex-ministro Ricardo Salles, voltarão a atormentar o atual prefeito se as fotos ao lado de Bolsonaro não o fizerem subir nas pesquisas. Para ter paz após o ato, Nunes precisará crescer nas intenções de voto entre os eleitores bolsonaristas.

Salles, hoje deputado do PL, desistiu de lançar candidatura à Prefeitura após Bolsonaro confirmar que indicará o vice de Nunes na eleição. Ricardo de Mello Araújo, ex-comandante do grupo de elite da PM de São Paulo, a Rota, desponta como o favorito do ex-presidente para ocupar o posto.

No entorno de Nunes, porém, a preocupação é outra. A avaliação é que a presença do prefeito na manifestação compromete a estratégia de mantê-lo a uma distância segura da extrema-direita. Existe o temor de que o mergulho no bolsonarismo afugente os paulistanos mais moderados. Nunes costuma dizer que tem até eleitores de esquerda.

Um aliado de Nunes avaliou que a imagem do emedebista na manifestação, cercado por extremistas, será uma ilustração “muito didática” da pecha que seu principal adversário, Guilherme Boulos, pretende colar no prefeito: a de “candidato do Bolsonaro”.

O discurso de que Nunes representava uma “frente ampla” que incluía partidos da base do governo Lula e, também, Bolsonaro, vinha sendo lapidado para marcar essa distância do ex-presidente.