Ativista da Comissão de Anistia critica Silvio Almeida em carta a Lula
Representante de anistiados políticos na Comissão de Anistia disse que gestão de Silvio Almeida demora a oficializar anistias
atualizado
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A militante Rosa Cimiana, que representa anistiados políticos na Comissão de Anistia, enviou nesta quarta-feira (31/7) uma carta a Lula em que critica o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Cimiana afirmou que a gestão de Almeida demorou a oficializar anistias de vítimas da ditadura militar e retirou faixas de manifestantes em frente ao ministério.
“A gestão do ministro faz com que as portarias retornem para a Comissão de Anistia por faltar negrito ou itálico em determinado trecho. Essas mesmas exigências não são direcionadas para as portarias de indeferimento. Para essas, a caneta do ministro não falha”, afirmou Cimiana no documento protocolado no Planalto. A ativista também disse que Silvio Almeida “arranja desculpas” para não autorizar um pedido feito há um mês de cessão de servidor federal para a Comissão de Anistia.
Segundo a ativista, duas funcionárias do gabinete do ministro dos Direitos Humanos tentaram retirar faixas dos manifestantes em frente ao ministério na terça-feira (30/7). Os cartazes cobravam celeridade do ministro para oficializar decisões do colegiado e autorizar anistias políticas. “O episódio não ocorreu nem mesmo na gestão Damares”, afirmou Cimiana, em referência à ministra da pasta no governo Bolsonaro que debochava publicamente dos pedidos de anistia.
“Se o desejo do ministro Silvio Almeida é por holofotes, ele precisa trabalhar e parar de atrapalhar aqueles que trabalham para a construção dos direitos humanos no país, em vez de apenas proferir discursos”, afirmou.
Rosa Cimiana atua junto à Comissão de Anistia desde que o colegiado foi fundado, em 2002, no governo Fernando Henrique Cardoso. O pai de Cimiana, o líder sindical Arthur Pereira, foi preso pela ditadura militar e teve 23 anos de direitos trabalhistas cassados pelo regime de exceção. Arthur Pereira morreu em 1982. Foi anistiado em 2003, no primeiro mandato de Lula.
Procurado, o Ministério dos Direitos Humanos não respondeu. O espaço está aberto a eventuais manifestações.