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Artista carioca é vítima de racismo na Holanda: “não aceitamos negros”

Artista plástico Wallace Pato postou mensagem com racismo recebida de hotel em aplicativo. Hotel nega e diz que foi ataque cibernético

atualizado

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Wallace Pato
1 de 1 Wallace Pato - Foto: Divulgação

Um artista plástico brasileiro denunciou ter recebido mensagens racistas de um hotel de Amsterdã, na Holanda, no qual havia feito reserva para se hospedar.

O carioca Wallace Pato publicou o relato em sua conta no Instagram nesta quarta-feira (30/10). O artista divulgou uma imagem da mensagem recebida do Hotel Plantage, da capital holandesa, por meio do aplicativo Booking (veja abaixo). O hotel nega o envio do conteúdo.

Na mensagem, recebida em 17 de outubro, Wallace foi informado que sua reserva havia sido cancelada porque a hospedagem não aceita pessoas negras. “Olá, sua reserva foi cancelada. Desculpe, mas não aceitamos pessoas negras no hotel”, disse o texto, em inglês.

Wallace Pato e um amigo, o também artista Gustavo Speridião, passariam cinco dias em Amsterdã durante uma viagem à Europa, na qual Speridião participou de uma exposição em Paris. Os dois estão atualmente em Roma.

As mensagens, que também pediam envio de documentos já apresentados previamente, foram recebidas antes que os dois chegassem a Amsterdã. Depois dos ataques racistas, Wallace e o amigo não foram ao Hotel Plantage e perderam 570 euros, cerca de R$ 3,5 mil, que haviam gasto em cinco diárias — até agora não devolvidos. Eles tiveram que procurar outro hotel na cidade e gastaram mais 800 euros, o equivalente a R$ 5 mil.

“Trocamos de hotel em cima da hora para preservar a integridade física, mesmo. Imagina, deixar tudo dentro do hotel depois de receber essa mensagem?”, afirmou Wallace à coluna. “Entramos em contato com o Booking, que ignorou e disse que só reembolsaria parte do dinheiro em crédito para usar em outra hospedagem. Fizeram pouco caso e não ligaram para nada”, relatou.

Procurado pela coluna, o Hotel Plantage, de Amsterdã, negou que a mensagem racista tenha partido da empresa ou da Booking.

Segundo o hotel, o texto foi disparado a partir do que teria sido identificado como um ataque de “phishing” no aplicativo, ou seja, um golpe cibernético para roubo de dados. O hotel disse que a reserva não foi cancelada, que ficou “chocado” com o caso, tentou entrar em contato com Wallace e pediu à Booking que investigue o assunto. O hotel também publicou explicações, negando a autoria das mensagens, e um pedido de desculpas em sua conta no Instagram.

Wallace disse ter recebido as mesmas explicações do hotel, nas quais ele afirma não acreditar. “É uma maneira de eles tentarem escapar da situação”, disse. O artista contou ter acionado um advogado para cuidar do caso.

“O maior dano é psicológico. Já basta viver uma vida traumatizada por várias questões que vão te machucando com o tempo, é uma ferida que vai abrindo devargarzinho. Você, um artista, que tem seu conhecimento e de alguma forma é respeitado, vai fazer uma viagem a pesquisa, trabalho, e tem que ficar passando e repassando isso o tempo inteiro”, disse.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Booking.com afirmou que “não tolera nenhum tipo de discriminação”. “Estamos investigando o caso em questão junto à acomodação para garantir que todas as providências sejam tomadas”.

 

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metropoles.comGuilherme Amado

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