“Arthur Lira é nosso aliado”, diz líder do governo Lula na Câmara
Aliado de Lula e adversário de Arthur Lira, Renan Calheiros havia dito à coluna que o governo estaria “desistindo” do presidente da Câmara
atualizado
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O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), declarou que o presidente da Câmara, Arthur Lira, um dos principais apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje é oficialmente um aliado do governo Lula. Em entrevista à coluna, nesta quinta-feira (23/3), Guimarães afirmou que Lira tem manifestado a Lula, nos encontros privados com o presidente, que quer ajudar o petista a aprovar os projetos do governo na Câmara.
Também nesta quinta, à coluna, o senador Renan Calheiros havia dito que Lira “é um cara totalmente imprevisível, que não cumpre nada”, e que o governo estaria “desistindo” do presidente da Câmara. Renan é um dos principais aliados de Lula no Senado.
Adversários há anos, Lira e Renan trocaram críticas ao longo do dia por discordarem da forma como as Medidas Provisórias (MPs) devem tramitar no Congresso. O caso respingou no presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que acatou uma questão de ordem de Renan que contraria os interesses de Lira. A questão de ordem é um instrumento pelo qual um senador levanta dúvida a respeito da interpretação ou da aplicação do regimento do Senado.
Guimarães disse não acreditar que a rivalidade na política alagoana está por trás da disputa entre Lira e Renan. Segundo o líder do governo, “uma questão paroquial” não pode ser “superior ao interesse do país”.
Na entrevista, Guimarães também criticou a manutenção da taxa básica de juros pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) e mandou um recado ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dizendo que ele não é “o deus do Brasil”.
Leia abaixo ou assista ao fim deste texto a parte da entrevista de José Guimarães em que ele fala sobre a disputa entre Arthur Lira e Renan Calheiros:
A impressão é que essa situação ocorre, em grande parte, por uma disputa de poder entre o Renan Calheiros, que apresentou a questão de ordem, e o Arthur Lira, presidente da Câmara. Eles são os principais nomes da política alagoana. A impressão é que eles trouxeram Alagoas para o meio dessa discussão. Como o governo encara isso?
Eu não quero acreditar, e o governo não está preocupado com isso. Não é o centro das nossas preocupações. Uma questão paroquial não pode ser superior ao interesse do país. Isso não pode. Não quero acreditar que essa questão de Alagoas seja o modo pelo qual se estabeleceu essa crise. Nós temos disputas no Ceará, em Pernambuco, na Bahia, em todos os cantos. É preciso que o interesse do país seja levado em conta, não o do meu estado. Tenho as minhas brigas lá no Ceará com nossos aliados aqui [na Câmara], mas é preciso preservar o interesse do país. Não quero acreditar que questões minúsculas possam atrapalhar o país.
O Arthur Lira é aliado ou adversário do governo?
Ele é aliado. Foi uma pessoa importante na tramitação da PEC da Transição. Nós aprovamos a PEC sem estarmos no governo porque fizemos um acordo com o presidente Lula e com o Lira. [O acordo] foi comandado, pelo lado do governo, pelo ministro Fernando Haddad. Aprovamos a PEC com 331 votos e a desconstitucionalização do teto de gastos com 366 votos. O Lira foi um jogador importante na aprovação da PEC. Ele tem dito de forma reiterada ao Lula que tem o interesse de ajudar o país. Conversei com o Lira depois da confusão, antes dessa entrevista. Ele disse que, independentemente do problema com o Senado, eu poderia reafirmar ao presidente Lula que o interesse dele é ajudar o país com os projetos que o governo quer aprovar na Câmara.