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App de Bolsonaro coleta dados, ao contrário do que disse à Apple

Aplicativo Bolsonaro TV foi lançado por Carlos Bolsonaro; especialista vê problema em falta de informação na loja do app

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Presidente Jair Bolsonaro conversa ao celular na saída do planalto
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro conversa ao celular na saída do planalto - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O vereador Carlos Bolsonaro, segundo filho de Jair Bolsonaro, lançou neste sábado (6/11) nas redes sociais o aplicativo Bolsonaro TV, destinado a reunir num único app o que o pai, ele e seus irmãos postam em diferentes redes sociais. Na App Store, onde quem tem iPhone pode baixar o aplicativo, consta que o app não coleta dados do usuário. Mas o próprio app admite, em sua política de privacidade, que tem acesso a dados técnicos dos dispositivos em que está instalado.

Na política de privacidade, documento em que os aplicativos têm que detalhar as informações coletadas, o desenvolvedor, Rogério Cupti, diz coletar “especificações, configurações, versões de sistema operacional, tipo de conexão à internet e afins”. Para a Apple, Cupti deu outra versão.

“O desenvolvedor, Rogério Cupti, indicou que as práticas de privacidade do app podem incluir o gerenciamento de dados conforme descrito abaixo”, diz texto da loja da Apple, na seção “Privacidade do app”, que detalha esse tipo de informação. Na sequência, em destaque, a Apple informou: “Dados não coletados. O desenvolvedor não coleta nenhum dado”.

De acordo com Cupti, a própria Apple teria checado que não há nenhuma coleta e comprovado a veracidade disso. Mas não é isso que a Apple afirma nas informações sobre privacidade do app repassadas por Cupti: “Essas informações não foram verificadas pela Apple”.

Segundo Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio), um dos mais respeitados centros de estudos do tema no Brasil, essa coleta de dados do app é comum no mercado e de fato ajuda o aplicativo a funcionar corretamente. O problema, diz Souza, é a informação não ser exibida na loja de aplicativos.

“O problema é existir um descompasso com a página de download do app, que diz que não coleta dado nenhum. No app, você pode compartilhar as publicações em suas redes sociais. Seria importante que o desenvolvedor indicasse se ele guarda ou usa essas informações de alguma maneira”, explicou o diretor do ITS Rio.

O desenvolvedor do aplicativo afirmou que não coleta dados, o que seria comprovado pelo selo da Apple de “Dados não coletados”. Cupti criticou a conduta da Apple: “É meio esquizofrênico (contraditório) por parte deles. Com certeza absoluta o app não coleta dados. Não há cadastro de usuário, não há cookies, não há nenhum tipo de retorno e não há banco de dados”. Entretanto, a forma com que a Apple presta essas informações aponta que esse selo se baseia apenas na afirmação do desenvolvedor, e não numa eventual verificação, o que a Apple deixa claro que não faz. Procurada, a Apple não respondeu.

O diretor do ITS Rio pontuou também que, como a Apple não tem condições de ler as políticas de privacidade de todos os aplicativos, o desenvolvedor deveria deixar o usuário informado facilmente de como seus dados serão usados. “Há vários designs de política de privacidade. Você pode colocar um pop-up quando a pessoa acessa o app pela primeira vez, dizendo que não coleta dados, por exemplo”.

Carlos Affonso Souza ressaltou ainda o risco de que usuários do app não consigam ter informações diversas sobre a atividade dos Bolsonaro caso se informem exclusivamente por ali.

“Se hoje muito se critica o efeito de ensimesmamento das redes sociais, que viraram mais um espelho do que uma janela para o mundo, esse aplicativo torna esse efeito muito mais intenso. Um agregador de rede social é a bolha da bolha”.

Quando divulgou o aplicativo neste sábado (6/11), Carlos Bolsonaro afirmou que o app mostrará “assuntos que lamentavelmente não são expostos por grande parte da imprensa e que também não veremos nas timelines de muitos”.

Advogado e desenvolvedor de sistemas, Cupti foi servidor comissionado no Procon do estado do Rio de Janeiro e não quis informar sua ocupação atual. Segundo ele, desenvolveu o aplicativo gratuitamente. No ano passado, doou R$ 2 mil para a campanha de Carlos Bolsonaro à Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. O repasse foi registrado na Justiça Eleitoral apenas como “contrato de prestação de serviço profissional sem remuneração”.

“Não há financiamento do app. É totalmente gratuito e feito sem patrocinadores ou propagandas. Foi uma ideia para ler todas informações, na mesma plataforma. E, claro, acredito no governo e no presidente Bolsonaro”, escreveu, em troca de mensagens com a coluna.

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Ministro das Comunicações, Fábio Faria, e o presidente Jair Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro discursa no Palácio do Planalto
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O presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto

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