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Ao contrário do que disse, Luciano Hang atacou STF em mensagens compartilhadas no WhatsApp

Luciano Hang compartilhou ofensas a ministros do STF; Hang e mais sete empresários bolsonaristas foram alvo da PF nesta terça-feira (23/8)

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1 de 1 Luciano Hang WhatsApp - Foto: Arte/Metrópoles

O empresário Luciano Hang, dono das Lojas Havan, afirmou nesta terça-feira (23/8) que não fez ataques a ministros do STF no grupo de WhatsApp que reunia outros empresários apoiadores de Jair Bolsonaro. As mensagens obtidas pela coluna, no entanto, desmentem a versão que Hang deu após ser um dos alvos da operação da Polícia Federal mais cedo, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes. O empresário, ao contrário do que disse, era um usuário frequente do grupo Empresários & Política e compartilhou diversas mensagens com ataques a ministros do STF. Só parou quando a coluna publicou, em junho, as ofensas dele ao padre Júlio Lancelotti.

“Em minhas mensagens em um grupo fechado de WhatsApp está claro que eu NUNCA, em momento algum, falei sobre golpe ou sobre STF”, afirmou o empresário, nesta terça-feira.

No grupo, Hang compartilhou diversas ofensas a ministros do STF.

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Em 12 de maio, Hang encaminhou ao grupo uma reportagem com o título: “Presidente do TSE afirma que teremos eleições limpas no Brasil”, e, de forma irônica, enviou mensagem em que comparava Edson Fachin ao casal Nardoni: “Casal Nardoni afirma que cuidará bem do seu filho”. Os Nardoni foram condenados pelo homicídio doloso qualificado de Isabella Nardoni, então com 5 anos de idade.

Hang encaminhou outra mensagem, no dia 27 de maio, com um texto duvidando da lisura do TSE na condução das eleições e afirmando que o STF anulou as condenações de Lula com motivação eleitoral. “Por que o tremendo desgaste do Supremo para tirar Lula da cadeia, se não fosse para torná-lo presidente? Você pode duvidar de tudo no Brasil, exceto do TSE de Fachin, Alexandre e Barroso. O TSE comprovará que o DataFolha está corretíssimo. Não podemos esperar acabar o jogo para pedirmos o VAR”, lia-se na mensagem compartilhada por ele.

No futebol, o VAR é o sistema acionado pelo árbitro da partida para checar no vídeo se uma infração foi cometida após a conclusão do lance. A postagem de Hang era acompanhada de um vídeo da TV Senado com uma sessão da Casa com questionamentos às urnas eletrônicas.

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No dia 4 de junho, Hang compartilhou no grupo uma mensagem com assinatura semelhante à usada por Jair Bolsonaro em sua lista de transmissão. “Você está pronto para a guerra? Em poucos minutos entenda o perigo em que se encontra o nosso Brasil. Peço assistir e repassar. Presidente Jair Bolsonaro”, dizia o texto. A mesma mensagem foi enviada ao grupo pelo empreiteiro Meyer Nigri, da Tecnisa, e pelo ex-piloto Nelson Piquet. Bolsonaro costuma assinar dessa maneira as mensagens que transmite a amigos e apoiadores numa lista.

O texto era acompanhado de um vídeo do canal “Mundo Polarizado”, com discurso feito por Bolsonaro no dia 3 de junho. Em sua fala, o presidente disse que existe no Brasil “uma nova classe de ladrão, que são [sic] aqueles que querem roubar nossa liberdade”, repetindo a acusação que volta e meia faz contra o STF. Na ocasião, Bolsonaro afirmou que, “se precisar, iremos à guerra”. “Mas quero o povo ao meu lado, consciente do que está fazendo e por quem está lutando”.

Bolsonaro disse ainda que “todos temos compromisso com o nosso país, não só os militares que fizeram juramento de defender a pátria com o sacrifício da própria vida”. O presidente citou que o Brasil não poderia seguir o caminho de outros países da América do Sul, referindo-se à Venezuela, à Argentina e ao Chile — todos países governados por líderes de esquerda. “Poucos naquela Praça dos Três Poderes podem muito, mas nenhum deles pode tudo”, afirmou.

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Após compartilhar a mensagem sobre o vídeo, Hang comentou no grupo que as colocações de Bolsonaro eram “fantásticas” e “perfeitas”.

O dono das Lojas Havan também aproveitava o espaço no grupo para espalhar desinformação e mensagens de ódio a padres que ajudam pobres, como Júlio Lancelotti.

Em 17 de maio, Luciano Hang listou uma série de efeitos colaterais falsamente atribuídos ao imunizante da Pfizer, como embolia na veia jugular e espuma na boca. “Casos cardiológicos aumentaram”, afirmou, listando uma série desses efeitos colaterais.

Em 28 de maio, afirmou que padres que auxiliam pessoas pobres estão errados, e que a Igreja é “cúmplice das mazelas do PT”. Conforme a coluna mostrou em 31 de maio, a conversa começou quando outro integrante compartilhou uma reportagem do site Brazil Journal, intitulada “Na São Paulo gélida, um padre e a (verdadeira) mão de Deus”. Uma foto de Lancellotti ilustra o texto. Hang escreveu:

“É da turma do Lula. Hipocrisia pura. Temos que ensinar a pescar, e não dar o peixe. Cada dia que passa é mais malandro vivendo nas costas de quem trabalha”, acrescentando: “Quem defende bandido, bandido é”.

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Para Hang, padres envolvidos em obras sociais, como Lancellotti, não estariam do lado certo. “Não podemos dar moleza para essa turma só porque são padres. Ou ficam do lado certo ou devemos cobrar coerência do que eles pregam”, prosseguiu.

O dono das lojas Havan sustentou ainda que a Igreja Católica ajudou o PT e seria “cúmplice” dos governos petistas. “A Igreja Católica é cúmplice das mazelas do PT. Foram os fiadores de tudo o que aconteceu. Não podemos generalizar, mas ajudaram bastante o PT a chegar ao poder.”

Em outro trecho da conversa, Hang se referiu a dom José Gomes, bispo de Chapecó (SC) até 1998. O padre morreu em 2002. “Aqui em Santa Catarina tinha um bispo em Chapecó, dom José, responsável pela Pastoral da Terra e também por todos os petistas que estão incomodando até hoje. Ainda tem uma turma, mas diminui a cada dia. Tem melhorado intensamente.”

Procurado na ocasião da publicação da reportagem sobre os ataques a Lancelotti, Hang desdisse o que disse. E afirmou que não é contra a ajuda a pessoas que precisam. Segundo ele, sua “crítica” ao padre Lancelotti é pelo que chamou de “doutrinação comunista”, que, segundo ele, o padre faria.

Em entrevista ao Metrópoles, Hang afirmou ter sido tratado “como um bandido”.

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metropoles.comGuilherme Amado

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