Advogado morto no RJ queria montar casa de bets on-line, diz polícia
Polícia Civil afirmou à Justiça que proposta do advogado de criar espaço físico para bets on-line poderia “afrontar” mercado do jogo do bich
atualizado
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O advogado Rodrigo Marinho Crespo, assassinado no Rio de Janeiro em 26 de fevereiro, propôs criar uma casa de apostas on-line, segundo a Polícia Civil do estado. O relatório, enviado no dia 24 de abril à Justiça, apontou que a iniciativa poderia “afrontar” o mercado do jogo do bicho.
Os policiais analisaram as mensagens trocadas pelo advogado com clientes e amigos. Em uma das conversas, em 12 de dezembro do ano passado, Crespo propôs ao empresário Pedro Newlands, dono de uma casa de pôquer na Zona Sul do Rio de Janeiro, a abertura de uma casa de bets on-line, com “cassino ao vivo”.
O advogado perguntou a Newlands se o jogo do bicho já atuava nessa modalidade. O dono da casa de pôquer respondeu que os contraventores não tinham empreendimentos físicos de apostas on-line, e que o jogo do bicho acontecia via WhatsApp.
Newlands, então, se interessou na parceria para criar o espaço de bets on-line em sua casa de pôquer. O advogado respondeu que iria “sondar” alguns clientes donos de sites de apostas online.
No relatório, a Polícia Civil afirmou que a conversa mostra o interesse de “intermediar uma espécie de fusão entre uma casa de pôquer já existente na Zona Sul do Rio de Janeiro com serviços prestados por alguma bet, estruturando ambientes presenciais onde os jogadores pudessem realizar apostas on-line”.
O relatório apontou que a proposta de Crespo “afrontaria diretamente os interesses da contravenção, em especial dos capos [líderes] que dominam aquela região”. Os investigadores consideram que a atuação de Crespo traz “um pano de fundo para uma possível motivação”.
“Isso afrontaria o mercado das máquinas caça-níqueis, de modo a exigir uma ‘pronta resposta’, como um recado para dissuadir qualquer outro que ousasse se aventurar neste mercado”, disse o relatório, levantando uma hipótese.
A Justiça aceitou na segunda-feira (29/4) a denúncia do Ministério Público contra Leandro Machado, policial militar conhecido como “Cara de Pedra”; Eduardo Sobreira Moraes; e Cezar Daniel Mondêgo de Souza, o “Russo”. Os três respondem pelo crime de homicídio qualificado e estão presos preventivamente desde a semana do assassinato.