Advogado citado pela PF como alvo de Ramagem desconfiava de espionagem
Citado pela PF como alvo de monitoramento ilegal, Roberto Bertholdo diz que soube de “movimentos estranhos” em frente à sua casa
atualizado
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O advogado Roberto Bertholdo, apontado pela Polícia Federal (PF) como alvo de monitoramento ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na gestão de Alexandre Ramagem, afirmou nesta quinta-feira (25/1) que se sentiu vigiado e soube de “movimentos estranhos” em frente à sua casa e ao seu escritório, em Brasília, durante o governo Bolsonaro. Mais cedo, Ramagem foi alvo de uma operação da PF que apura supostos monitoramentos ilegais de pessoas consideradas adversárias por Jair Bolsonaro e aliados.
Segundo a Polícia Federal, a ferramenta FirstMile foi usada pela Abin para monitorar ilegalmente o advogado Roberto Bertholdo, pela proximidade de Bertholdo com o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e a então deputada federal Joice Hasselmann. Isso aconteceu entre 2019 e 2020. A conclusão foi mencionada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, na decisão que autorizou a operação.
Questionado pela coluna sobre o suposto monitoramento de que foi alvo, Bertholdo afirmou:
“Não me surpreende. No governo Bolsonaro, havia movimentos estranhos em frente à minha casa e ao meu escritório em Brasília. Meus funcionários me avisavam de carros que ficavam parados com pessoas à espreita nesses locais, com gente tirando foto. Isso existia sem dúvida nenhuma”, disse o advogado, acrescentando que estuda acionar a Justiça.
“Vou analisar se processarei os indivíduos [alvos da investigação] ou as instituições. Pelo jeito, houve o uso de uma instituição de Estado para motivos de natureza pessoal, vingança, perseguição. É desconfortável, cria um constrangimento enorme”.
Bertholdo confirmou ter sido próximo de Joice Hasselmann no começo do mandato de Jair Bolsonaro, quando a então deputada era líder do governo no Congresso. “Eu tinha proximidade, sim, com a Joice, ela frequentava a minha casa quando era líder do governo. Tenho impressão que fui eu que causei a ruptura dela com o Bolsonaro”.
Desafeto do senador Sergio Moro, à época ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Bertholdo foi preso em 2005 sob a acusação de grampear os telefones do então juiz federal. Em 2020, o advogado foi preso no âmbito de uma operação que investigava desvios na saúde na gestão do então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que perderia o mandato.