Ação contra greve de auditores cria tensão com chefe da Receita
Após pedido do chefe da Receita, AGU apresentou pedido ao STJ para impedir “ações abusivas” na paralisação da classe
atualizado
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Pegou mal entre auditores fiscais a atuação do secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, contra a greve deflagrada na segunda-feira (20/11) pelo Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional) Sindifisco.
Barreirinhas tem sido alvo de críticas depois de ter enviado ao procurador-geral da União, Marcelo Eugenio Feitosa Almeida, um ofício pedindo a “judiciosa análise” da greve. O documento estava acompanhado de uma nota técnica aprovada por Barreirinhas, que expõe os efeitos da greve dos auditores sobre o fisco, além dos comunicados do Sindifisco à Receita e ao Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf) sobre a paralisação.
Barreirinhas solicitou que fossem “tomadas as ações que lhe couberem em prol da manutenção dos serviços essenciais” da Receita e do Carf.
A classe reivindica a garantia de que haverá recursos para o pagamento de bônus de eficiência e produtividade nas atividades tributária e aduaneira. As orientações do sindicato aos grevistas incluem, por exemplo, uma paralisação do Carf, colegiado que julga questões tributárias.
Entre críticas reservadas e públicas, uma das que se fizeram notar foi a do ex-secretário adjunto da Receita Luiz Fernando Nunes. Em um grupo no Facebook denominado “Nova Receita Federal”, Nunes acusou Barreirinhas de “enganar” os auditores.
Depois do pedido do secretário da Receita, a Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), na segunda, uma ação para impedir o que classifica como “ações abusivas” na greve deflagrada no mesmo dia pelo Sindifisco, como “operação padrão” e “operação tartaruga”.
“A redução ou até o simples embaraço das atividades dos Auditores Fiscais em decorrência de movimento grevista, assim como a adoção organizada de medidas que interfiram na regular prestação dos serviços, enfim, todas as posturas que, sob qualquer rótulo (greve, operação-padrão, operação meta-vermelha-zero, paralisação, etc), alterem as rotinas de trabalho já estabelecidas e causem prejuízos irreparáveis à sociedade são manifestamente abusivas e não podem ser toleradas pelo Poder Judiciário”, disse a ação.
A petição solicita uma liminar para determinar a manutenção de 100% da força de trabalho nas atividades da Receita relacionadas ao Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2024, ao Carf, à gestão de créditos tributários e ao controle aduaneiro. A AGU também quer que o STJ determine a continuidade de ao menos 30% dos auditores nas demais atividades da Receita.
Em caso de descumprimento da liminar, a AGU pede que seja estabelecida uma multa de R$ 500 mil por dia. A ação será analisada pela ministra Regina Helena Costa.
Por meio de nota, a Receita Federal afirmou que, no dia em que a greve começou, na segunda-feira, o secretário Robinson Barreirinhas informou ao sindicato sobre o ajuizamento da ação judicial no STJ. Conforme o órgão, Barreirinhas reiterou aos servidores que haveria uma solução sobre suas demandas até o início de dezembro, “conforme acordado e reiterado com o Ministério”.
“Mantemos o compromisso de avançar na solução da questão remuneratória da carreira. Mantemos também o respeito ao direito de greve. O direto de greve, entretanto, não é absoluto, não pode afetar serviços essenciais, que coloquem em risco a segurança dos brasileiros ou do erário”, disse o comunicado, que ressalta ser o Carf o único órgão paralisado por completo.