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Abin identificou metade dos alvos dos 1,8 mil monitoramentos

Acionada pela PF, Abin conseguiu identificar cerca de metade dos monitoramentos feitos pelo sistema First Mile

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Em foto colorida, a fachada da Abin
1 de 1 Em foto colorida, a fachada da Abin - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) conseguiu identificar os nomes de cerca de metade dos 1,8 mil números de telefone cuja geolocalização foi monitorada por meio do programa First Mile. O trabalho foi feito pelo Departamento de Operações da agência a pedido da Polícia Federal (PF).

A relação entre PF e Abin se tensiona há meses. Um dos atritos entre as duas corporações na investigação veio após a agência dizer que seria preciso quebrar o sigilo das linhas telefônicas para descobrir os titulares dos números monitorados. Investigadores da PF suspeitam que a agência sabia quem eram as pessoas monitoradas pelo sistema e se recusava a informar.

Na Abin, agentes negam que essa lista exista e dizem que os monitoramentos eram feitos caso a caso, inserindo o número de telefone no sistema para obter os dados de geolocalização. Ou seja, não haveria, segundo esta versão, um registro completo de quem são os titulares das linhas.

A lista de nomes a que a agência conseguiu chegar após ser acionada pela PF inclui políticos, jornalistas, advogados e até professores universitários vistos como opositores de Jair Bolsonaro, como já mostrou a coluna. Houve um uso intenso do programa em áreas nobres do Rio de Janeiro e de Brasília e durante as eleições de 2020.

Segundo integrantes da agência ouvidos pela coluna, todas as informações disponíveis foram repassadas à PF. Já os policiais dizem que a agência se recusou a colaborar, não respondeu todos os ofícios enviados e, em alguns casos, só enviou respostas após ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).

Outro ponto com versões conflitantes é a data em que foram apagados os computadores em que o First Mile era usado. Investigadores da PF suspeitam de que a formatação para as condições de fábrica tenha ocorrido após o início da investigação, em 2023. Integrantes da Abin dizem que os computadores foram limpos por rotina, ainda em 2021.

Essa limpeza, de acordo com quem estava familiarizado com o sistema, não apagou os rastros dos alvos de monitoramento porque essas informações se encontram no servidor do First Mile, da empresa Cognyte, e não nos computadores da Abin.

A PF suspeita que houve 30 mil monitoramentos, dos quais a Abin teria informado apenas 1,8 mil, e que a formatação dos computadores teria servido para ocultar as informações do restante das linhas telefônicas.

Novamente, na agência, essa versão é disputada. Agentes da Abin afirmam que a PF descobriu, de fato, um histórico com cerca de 33 mil “logs”, mas que houve apenas 1,8 mil números pesquisados e que nada foi apagado. Portanto, cada log, segundo os agentes ouvidos pela coluna, não corresponderia necessariamente à pesquisa de um número diferente, mas sim a cada comando que foi dado ao software.

O inquérito no STF, relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, está sob sigilo. Entre as informações sensíveis que constam nos autos, estão os nomes dos 35 servidores que usavam o software de geolocalização.

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metropoles.comGuilherme Amado

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