Abin alertou para réu no caso Porta dos Fundos e brasileiro na Ucrânia
Suspeito de atacar a produtora do Porta dos Fundos e brasileiro que luta na guerra da Ucrânia foram classificados como ameaças pela Abin
atualizado
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A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) classificou um brasileiro que luta na guerra da Ucrânia e o suspeito de atacar a produtora do grupo Porta dos Fundos como extremistas de alta periculosidade e que ameaçavam a posse de Lula. O alerta foi emitido no dia 1º de dezembro de 2022 para o gabinete de transição, então chefiado pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin.
A íntegra do relatório foi obtida pela coluna. Alessandro Ferreira da Silva, conhecido como Alex Silva, costuma divulgar fotos e vídeos lutando ao lado de organizações paramilitares ucranianas. Fundador de um movimento próprio e dono de canais no Telegram, Silva prega a resistência armada e uma revolução civil no Brasil.
A Abin destacou, na época, que o movimento de Silva tinha “baixo nível de mobilização para participação em manifestações sociais”, mas que tentava “aproveitar-se dos protestos ligados à contestação das eleições de 2022 para conseguir adeptos e instrumentalizar suas pautas”. Ainda segundo a agência, Silva tinha a deslegitimação do Estado como principal objetivo.
A coluna mostrou, na quarta-feira (30/8), que a Abin monitorou grupos neonazistas e supremacistas que tentavam embarcar no movimento golpista “para recrutar novos adeptos e promover ações violentas contra autoridades, instituições e agrupamentos antagônicos”. Silva chegou a participar de atos na Av. Paulista, em São Paulo, portando uma bandeira com símbolo neonazista.
A agência também emitiu alerta para a associação de outro extremista, Eduardo Fauzi, com ideais de supremacismo racial. Fauzi é réu na Justiça por atirar um coquetel molotov contra o prédio que sediava a produtora do grupo humorístico Porta dos Fundos, no Rio de Janeiro, no Natal de 2019.
O extremista ficou preso entre março e setembro de 2022, quando recebeu um habeas corpus do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Uma vez solto, Fauzi ingressou em um grupo no Telegram que mistura neonazismo, integralismo e cultura incel (movimento de inspiração norte-americana baseado na misoginia e na misantropia), segundo a Abin.
O relatório da Abin aponta que Fauzi foi visto participando de manifestações golpistas no Rio de Janeiro e que uma das imagens publicadas por ele no Telegram mostra um grupo de homens encapuzados fazendo a saudação integralista “Anauê”, de cunho fascista.
Fauzi se pronunciou por meio dos seus advogados. Ele disse que defende ideais monarquistas e que não acredita no sistema eleitoral brasileiro, mas negou ter ido a manifestações que contestavam os resultados das urnas eletrônicas. Fauzi afirmou que só participa ativamente de grupos religiosos e de correntes de oração no Telegram. Ele admitiu, no entanto, que mantém um grupo com 60 ou 70 pessoas para discutir teses sobre o integralismo. Disse, sem provas, que o movimento não tem inspirações fascistas nem racistas, tampouco é ilegal no Brasil. Por fim, Fauzi declarou que não há “nenhum tipo de alegada ou remota participação sua em eventos que pudessem desestabilizar o governo de transição”.
Alex Silva não foi localizado para comentar as informações listadas pela Abin.