Abin alertou governo Bolsonaro sobre radicais de direita armados
Durante o governo Jair Bolsonaro, extremistas conseguiram registros de armas de fogo e se preparavam para “guerra civil”, mostram relatórios
atualizado
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Relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produzidos ainda no governo Bolsonaro mostram como grupos radicais, que falavam abertamente sobre matar autoridades e tentar uma revolução armada, conseguiram obter armas de fogo e se organizar durante as eleições.
Em relatórios de inteligência de 4/10 e 13/10, a Abin identificou extremistas no Telegram e no Twitter que ameaçavam uma insurreição armada caso Lula ganhasse as eleições, pregando “guerra civil” e revolução.
O conteúdo das mensagens citava “exterminar esquerdistas”, matar ministros do Supremo Tribunal Federal, explodir o prédio da corte, entre outras ameaças. Um dos grupos monitorados era de CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador), com integrantes armados.
Em informe de 27 de outubro, a Abin informou que havia um grupo no Telegram em que os usuários, militantes de extrema-direita, planejavam abertamente uma revolução armada. Por mensagem, os integrantes falavam sobre fabricar armamentos, incentivando a prática de atos violentos.
O grupo tinha 13 membros na época. O administrador, que morava em Maringá (PR), publicava vídeos fabricando armas artesanais e disparando com sua pistola. “Ele afirma não ter a intenção de formar um grupo miliciano e nem fazer amigos, e sim formar uma família armamentista.”
Outro integrante “frequentemente publica vídeos mostrando as armas de fogo e componentes que ele mesmo produz” e estava fabricando uma submetralhadora no momento do monitoramento da Abin; um terceiro tinha quatro armas registradas e disse que alguém tinha que “acertar a cabeça de Lula” com uma metralhadora. A Abin concluiu se tratarem de indícios de posse ilegal de arma de fogo e comércio ilegal e enviou o relatório para a Polícia Federal e para o Ministério da Justiça.
Em 27 de outubro, a Abin voltou a alertar sobre ameaças na internet contra Lula e contra ministros do Supremo Tribunal Federal. Alguns dos extremistas monitorados tinham armas de fogo e participavam de grupos de CACs no WhatsApp. Nesses ambientes, em que se falava abertamente sobre “dar um tiro em Lula”, os integrantes dos grupos debatiam como usar explosivos.
Alguns desses extremistas também participavam de grupos supremacistas e neonazistas. “Quando a guerra civil começar, estarei pronto em minha trincheira. Será satisfatório ver a cabeça dos comunistas explodir”, disse em 17 de outubro de 2022 um usuário que fazia também postagens com apologia ao nazismo. O relatório foi enviado aos órgãos de segurança pública, ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O GSI e a Polícia Federal (PF), que receberam os relatórios da Abin, não se pronunciaram até a publicação desta nota.