No exato dia em que recomprou nos Estados Unidos o relógio Rolex dado pela Arábia Saudita ao governo brasileiro e desviado em benefício de Jair Bolsonaro, o advogado Frederick Wassef recebeu uma mensagem do senador Flávio Bolsonaro, seu cliente e filho primogênito do ex-presidente.

Flávio, no entanto, apagou a mensagem enviada na manhã daquele 14 de março de 2023, o que deixou Wassef curioso. “Oi”, escreveu o advogado, querendo saber do que se tratava, ao que o senador respondeu: “Saudade”. “Estou na luta por vcs com lealdade e empenho de sempre”, emendou Frederick Wassef.

A “luta” e o “empenho” de Wassef naquela ocasião foram esclarecidos pelas investigações da Polícia Federal no caso das joias, que teve Bolsonaro e o advogado da família entre os indiciados. Os documentos da apuração tiveram o sigilo levantado pelo ministro Alexandre de Moraes nesta segunda-feira (8/7).

Em março do ano passado, o entorno de Jair Bolsonaro estava aflito com a iminência de uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que ordenaria a devolução das joias e relógios de luxo haviam sido dados de presente ao governo brasileiro por governos estrangeiros durante viagens oficiais do ex-presidente.

A viagem de Wassef à Flórida para recomprar o Rolex, disse a PF, foi um dos esforços clandestinos para devolver os objetos que compunham dois kits de joias vendidos nos EUA.

Como mostrou a coluna, o relatório da PF desmentiu o depoimento de Frederick Wassef e afirmou que ele viajou às pressas aos EUA para recomprar o relógio de luxo, avaliado em US$ 73,749,50. Em depoimento aos investigadores, Wassef havia dito que a viagem era de turismo e já estava programada.

Receba o conteúdo da coluna no seu WhatsApp

Siga a coluna no Instagram

Siga a coluna no Twitter