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A ligação do hangar de avião do PCC com PMs e Forças Armadas

Decisão judicial apontou ligação entre Tucson e HBR, que tem contratos com PMs e militares; avião do PCC foi apreendido em hangar em SP

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Aeronave apreendida é do modelo EMBRAER EMD110
1 de 1 Aeronave apreendida é do modelo EMBRAER EMD110 - Foto: Reprodução

A Tucson Aviação, que teve em seu hangar um avião do Primeiro Comando da Capital (PCC) apreendido pela Polícia Civil de São Paulo neste mês, é ligada à HBR Aviação, empresa que possui contratos de R$ 44 milhões com Aeronáutica, Exército e Polícias Militares de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

A ligação entre as duas empresas consta de uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2) em 2018. Na ocasião, um ex-funcionário disse que foi contratado pela HBR, mas era orientado a trabalhar nas dependências da Tucson. O juiz Fabio do Nascimento Oliveira concordou com o relato e afirmou que é “fato incontroverso” que a Tucson e a HBR “integram grupo econômico”. Na ocasião, as companhias foram condenadas.

Outro sinal da proximidade entre as empresas é que o dono da Tucson, Marco Antonio Audi, tem entre seus advogados Nilton Alexandre Severi, um dirigente da Pacalu, acionista da HBR Aviação.

Em 2014, Audi foi condenado por crime falimentar. A Justiça de São Paulo apontou que Audi cometeu fraudes contra credores. Como mostrou a coluna, o empresário deve R$ 147 milhões à União.

A HBR Aviação tem pelo menos R$ 44 milhões em contratos com o poder público. São R$ 16,7 milhões com Aeronáutica e Exército; R$ 10,3 milhões com o governo paulista, incluindo a Polícia Militar; R$ 11,2 milhões com o governo mineiro, incluindo a PM; e outros R$ 5,9 milhões com a Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Procurada, a PM de São Paulo afirmou que a empresa presta serviços de manutenção em um helicóptero da corporação. “O contrato foi firmado seguindo o processo legal de licitações e divulgado de forma transparente no Diário Oficial do Estado.” A PM fluminense afirmou que contratou a HBR em licitação regular. “A corporação, assim como entes das Forças Armadas e diversas corporações militares do país, possui contrato de manutenção com a HBR”, acrescentou.

A Tucson, o Exército, a Aeronáutica e a PM de Minas Gerais não responderam. O espaço segue aberto a eventuais manifestações.

No último dia 7, a Polícia Civil de São Paulo apreendeu o avião do PCC, em nome da Pablito Aviation, no hangar da Tucson Aviação, representante no Brasil da Robinson Helicopter Company, principal fabricante de helicópteros do mundo. O hangar é o maior do aeroporto Campo de Marte.

A apreensão do avião do PCC mirou empresas que já haviam sido alvos da Polícia Federal no mês anterior. A PF investigava traficantes que usavam jatinhos para transportar bilhões em cocaína para cartéis mexicanos. Na ocasião, foi preso Ronald Roland, suspeito de lavar dinheiro do narcotráfico, incluindo o PCC. Na lista da Interpol, Roland foi preso no Guarujá (SP) depois que sua esposa compartilhou a localização do casal nas redes sociais.

(Atualização às 12h03 de 23 de agosto de 2024: Em nota, o Exército afirmou que os contratos com a HBR “atendem às exigências previstas na legislação vigente para contratação pela administração pública, sendo a empresa homologada e certificada pela Anac”.)

(Atualização às 21h33 de 23 de agosto de 2024: Em nota, a PM de Minas Gerais afirmou que o contrato com a HBR é “regular e foi devidamente publicado, seguindo todo o processo licitatório”.)

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metropoles.comGuilherme Amado

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