A grande família: Cláudio Castro governa com a mesma base de Cabral
Candidato à reeleição pelo PL, Cláudio Castro botou no primeiro escalão de seu governo aliados de Sergio Cabral
atualizado
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Quando assumiu o Palácio Guanabara, em 2021, após o impeachment de Wilson Witzel, Cláudio Castro mudou todo o secretariado do antigo chefe. Candidato à reeleição pelo PL, Castro colocou no primeiro escalão de seu governo diversos nomes que foram aliados do ex-governador preso Sergio Cabral e passou a governar com o apoio na Assembleia Legislativa (Alerj) da mesma base governista.
Na pasta que tem o segundo maior orçamento do governo, a Secretaria de Obras e Infraestrutura, Castro nomeou como chefe o deputado estadual Max Lemos. Filiado ao MDB de 2008 a 2018, Lemos teve Sergio Cabral como seu padrinho de casamento e o ex-presidente da Assembleia Legislativa do estado, Jorge Picciani (1955-2021), condenado e preso por corrupção, como padrinho político.
Nomeado em junho de 2021, Lemos deixou a pasta em abril deste ano para concorrer à Câmara dos Deputados pelo PROS. Em seu lugar deixou o advogado Rogério Lopes Brandi, que havia sido seu secretário na Prefeitura de Queimados, cidade na Baixada Fluminense, durante seus dois mandatos pelo MDB de Sérgio Cabral.
Na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais, Castro nomeou, em junho de 2021, o deputado federal Vinícius Farah, preso em 2018 por suspeita de enriquecimento ilícito. Filiado ao MDB de 2004 a 2018, Farah foi prefeito de Três Rios durante dois mandatos e foi presidente do Detran, de 2017 e 2018, no governo de Luiz Fernando Pezão, sucessor de Cabral.
Candidato à Câmara dos Deputados pelo União Brasil, Farah pediu exoneração da Secretaria de Desenvolvimento Econômico também em abril deste ano e deixou o presidente do Procon-RJ, o empresário Cássio Coelho, em seu lugar.
Castro trouxe de volta ao governo o delegado de Polícia Civil Allan Turnowski e o nomeou chefe da Secretária de Estado de Polícia Civil. Turnowski foi chefe da Polícia Civil no primeiro mandato de Sergio Cabral. O delegado, contudo, foi exonerado em 2011 após uma crise causada pela Operação Guilhotina, que prendeu 30 policiais por suspeita de corrupção e ligação com bicheiros, milicianos e traficantes.
Turnowski deixou a secretaria em abril e se lançou candidato à Câmara dos Deputados pelo PL. Em seu lugar ficou o delegado Fernando Albuquerque.
A Secretaria de Meio Ambiente também foi rifada para um antigo aliado de Cabral e de seu filho, o candidato a deputado federal Marco Antônio Cabral. Castro nomeou, em outubro de 2021, assim que assumiu o governo de forma interina, o deputado estadual Thiago Pampolha. O parlamentar nunca foi filiado ao MDB, mas foi de partidos que eram da base de Cabral e de Pezão, chegando a assumir, no governo Pezão, a Secretaria de Esporte e Lazer, em 2017, no lugar de Marco Antônio. Um ano antes, em 2016, deu a Medalha Tiradentes, maior honraria do estado do Rio, para o filho de Cabral.
Pampolha deixou a Secretaria de Meio Ambiente também em abril deste ano para disputar a reeleição na Alerj. Em seu lugar, ficou José Ricardo Brito, seu ex-chefe de gabinete na Secretaria de Esporte e Lazer no governo Pezão.
O ex-secretário de Governo, Rodrigo Bacellar, que será candidato à Assembleia Legislativa pelo PL, deixou no cargo Rafael Thompson, que foi subsecretário de Esporte e Lazer no governo de Pezão quando o filho de Cabral era chefe da pasta, de 2016 a 2017.